As autoridades financeiras de Nova York anunciaram nesta terça-feira uma multa de US$ 150 milhões ao Deutsche Bank por não investigar e relatar contas bancárias do falecido financista americano Jeffrey Epstein, acusado de tráfico sexual de meninas.

É a primeira vez que uma instituição financeira é penalizada por seus laços com o milionário americano, disse o Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (DFS), uma agência do governo estadual.

“Não importa quão rica, quão grande ou poderosa a instituição seja, Nova York não tolerará nenhum tipo de comportamento predatório”, disse o governador do estado, Andrew Cuomo, em comunicado.

“Durante anos, a conduta criminosa e abusiva de Epstein era amplamente conhecida, mas grandes instituições continuaram a desculpar essa história e oferecer a ele sua credibilidade ou serviços em troca de ganhos financeiros”, lamentou.

Preso em julho de 2019, Epstein se declarou inocente do tráfico sexual de crianças e cometeu suicídio um mês depois em uma prisão de Manhattan, onde aguardava julgamento. Ele tinha 66 anos.

“Os bancos são a linha de frente da defesa para impedir a facilitação do crime por meio do sistema financeiro, e é fundamental que eles adaptem o monitoramento da atividade de seus clientes com base nos tipos de risco apresentados por um cliente em particular”, disse a superintendente do departamento, Linda Lacewell.

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“Apesar de conhecer o péssimo histórico criminal de Epstein, o banco falhou em detectar e impedir transações suspeitas por milhões de dólares”, acrescentou.

O DFS disse que o Deutsche Bank deveria ter suspeitado das transações do Epstein que incluíam “pagamentos de mais de US$ 7 milhões, bem como dezenas de pagamentos a escritórios de advocacia de mais de US$ 6 milhões pelo que parecem ser despesas legais de Epstein e seus co-conspiradores”.

Também havia pagamentos suspeitos “para modelos russas, pagamentos de propinas para escolas de meninas, despesas de hotel e aluguel e (…) pagamentos a inúmeras mulheres com sobrenomes do leste europeu”.

O departamento acrescentou que os órgãos reguladores descobriram “saques de dinheiro periódicos suspeitos, que totalizam mais de US$ 800.000 em aproximadamente quatro anos”.

“Por meio do relacionamento (com o cliente), pouquíssimas transações problemáticas foram questionadas e, mesmo quando eram, geralmente eram autorizadas sem uma explicação satisfatória”, afirmou.

A multa também cobre o relacionamento do Deutsche Bank com o Danske Bank Estonia, que está no centro de um escândalo de lavagem de dinheiro.

O departamento disse que o Deutsche Bank também não questionou transações suspeitas em seu relacionamento com o banco FBME em Chipre.


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