Nessa altura, diante de tantos absurdos, surpresas, situações negativas a pergunta que fica é se Deus existe. Sim ou não? Cadê Deus? Onde está Ele? Chegamos a pensar que nos abandonou. Ou que não existe. Ou que nunca existiu. Ou que vai chegar agora, na figura de um novo Jesus. Era o que faltava. Cheio de dúvidas, procuramos, então, pelos deuses, pelas forças da natureza, pelo impulso primordial, pagão, extraterrestre, animista, o que seja, e não encontramos nada que nos conforte nessa existência fugaz e que nos ajude a explicar essa catástrofe sem fim. Nossa mentalidade cristã nos obscurece. Obviamente, Deus não existe.

Só isso explica essa matança generalizada causada pelo coronavírus e as guerras e a miséria do passado e do presente. Ou talvez Ele exista e nos tenha abandonado. Momentaneamente (nos últimos cinco mil anos). É provável que para sempre. Os deuses nos abandonaram. A natureza desistiu de nós. Vivemos um período trevoso em que forças diabólicas se assenhoram da sociedade. E as divindades? As divindades do bem parecem enfraquecidas ou pouco dispostas a nos ajudar. Aquelas que estiverem dispersas pelo planeta precisam se impor – se manifestem, por favor, montem um discurso decente para iluminar o próximo e os povos.

Caímos realmente num vazio profundo, num túnel para lugar e tempo nenhum. Potências malignas se tornam factíveis. Há um lapso espaço-temporal na sociedade que deixa tudo nebuloso, tudo que é sólido desmancha no ar. Além do amor da família, dos amigos e de uma casa no campo, há muito pouco em que se apegar. Avizinha-se uma ditadura sanitária (com bases parecidas em vários países) que vai se aproveitar da necessidade de estrito controle das regras de saúde para impor suas vontades desviantes e antidemocráticas. É o diabo se insinuando. Sem Deus, deuses e distantes da natureza vamos sendo engolidos por manipulações infernais e perdemos o sentido do futuro e de qualquer tempo.

Vagamos no escuro de uma ruptura histórica, atingimos um ponto de inflexão planetário e tentamos colher os cacos de nossas existências individuais para justificá-las no porvir

Rezemos por uma esperança. Rezemos, desesperadamente, por algo que não sabemos se existe. Não temos ideia do que vai acontecer e não contamos com guias. Vagamos no escuro de uma ruptura histórica, atingimos um ponto de inflexão planetário e tentamos colher os cacos de nossas existências individuais para justificá-las no porvir, do qual a gente nada sabe. Enquanto isso pedimos ajuda para o Nada, com nossa humildade complexa, absoluta e cristalina. E nos afastamos da verdade. Talvez Deus exista.