Domingo assistimos estupefatos à barbárie ocorrida no Congresso Nacional, no STF e no Palácio do Planalto. Imaginando que não haveria argumentos para defesa de tal ato terrorista, nos deparamos nas redes sociais com pessoas encontrando, em nome da família e dos bons costumes, um ponto de argumento para defender a invasão e a depredação do patrimônio público. Mesmo sendo atitude terrorista inédita na história da redemocratização brasileira, cidadãos brasileiros conseguem encontrar no discurso marginal a defesa dos atos abusivos. Seguidores de Bolsonaro defendem essa excrescência alegando que se basearam nos valores de Deus, da pátria e da família para cometer os bárbaros crimes.
O Deus da Bíblia não prega amor, misericórdia, perdão e mansidão? Se não é isso que aprendemos a vida toda, acho que essa turma está vivendo num universo paralelo! No livro sagrado do cristianismo está escrito bem claro que não devemos servir a dois senhores e creio que o ódio, a violência, utilização de armas, agressividade, sejam o oposto de tudo o que é pregado e lá está escrito. Dito isso, é difícil acreditar que pessoas detentoras de um mínimo de razoabilidade ainda defendam um ato tão absurdo, julgando-o como patriota.
Na definição do dicionário, ser patriota é quando uma pessoa se esforça para ser útil à sua pátria, agindo em defesa não dos seus próprios interesses, mas sim do interesse coletivo. Patriotas são aqueles que se posicionam, por palavras e por atos, na defesa do bem comum. É isso que temos vivenciado no decorrer dos últimos quatro anos e que culminaram na barbárie do dia 8 de janeiro? Claro que não. Ser patriota é respeitar o resultado das eleições, é manter a ordem, é buscar caminhos para que o País possa crescer em paz, é estar aberto ao diálogo, é estar aberto a ouvir as pessoas, a trocar ideias, mesmo que isso vá contra ao que se acredita. É trabalhar duro para conquistar, por meio da democracia, espaço para expor sua opinião, mesmo que seja discordante.
Ser patriota não é andar armado, não é destruir patrimônio público, não é plantar bomba em caminhão, não é sair andando por aí com a bandeira do Brasil nas costas, nem vestindo a camisa da Seleção, cantando hinos da pátria, enquanto se destrói obras de artes com valor histórico! Quem conhece um pouco do evangelho e costuma ler a Bíblia, sabe que a mensagem de Jesus é totalmente incompatível com o discurso de ódio, com a violência e com o desrespeito que vimos e estamos vendo.
Desculpem, se vocês acham que ser de esquerda não tem nada a ver com o cristianismo, ser bolsonarista muito menos. O cristianismo não tem partido. Tem ideias que o radicalismo em nenhuma esfera, de nenhum lado, o representa. O bolsonarismo é um movimento fascista, supremacista, antidemocrático, com grandes interesses envolvidos que andam de mãos dadas com os neonazistas.
Os fatos deploráveis que estamos vivenciando precisam ser apurados com total rigor e os responsáveis punidos dentro da lei. É imprescindível o respeito à Constituição e às instituições para que o Brasil avance nas questões sociais e econômicas. Se mesmo assim, ainda existam pessoas que conseguem encontrar justificativa na fé e nos bons costumes para a prática de ações terroristas e de vandalismo sem precedentes na história do País, de fato, estamos vivendo num universo paralelo!