Autoridades detiveram o suposto autor material do assassinato do sacerdote indígena e defensor dos direitos humanos Marcelo Pérez, ocorrido no último domingo no estado mexicano de Chiapas (sul), informou o governador regional nesta terça-feira (22).

“Meu reconhecimento às autoridades da Procuradoria de Justiça, que me informaram que o autor material da morte do Padre Marcelo foi detido”, disse o governador Rutilio Escandón na rede social X.

Escandón não deu detalhes sobre a captura, anunciada no mesmo dia em que centenas de pessoas acompanhavam o funeral do religioso na cidade de San Andrés Larráinzar, de onde ele era originário.

Por sua vez, o Ministério Público local informou em nota que o suposto responsável foi identificado como Édgar “N”.

Mais cedo, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, anunciou que a Procuradoria Geral da República havia assumido os interrogatórios sobre o homicídio.

O padre e renomado defensor dos direitos humanos, de 51 anos, foi morto a tiros no domingo na cidade de San Cristóbal de las Casas, em Chiapas, segundo as autoridades locais.

Depois de celebrar a missa e a caminho de sua paróquia, “dois homens em uma motocicleta atiraram em seu veículo”, dentro do qual foi deixado “o corpo sem vida do padre”, informou a promotoria local em um comunicado divulgado após o crime.

O sacerdote contava com medidas de proteção cautelares da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Membro da etnia maia tzotzil, o padre foi alvo de ameaças supostamente por suas denúncias contra a venda de drogas e a violência que assola Chiapas, cenário de uma luta entre grupos do crime organizado, que também praticam extorsão e tráfico de migrantes.

Os governos estadual e federal, a Igreja Católica e organizações de defesa dos direitos humanos se manifestaram para condenar o assassinato do religioso.

“Este ato de violência (…) não apenas priva a comunidade de um pastor dedicado, mas também silencia uma voz profética que incansavelmente lutou pela paz com verdade e justiça na região de Chiapas”, declarou na ocasião a Conferência do Episcopado Mexicano, uma das maiores autoridades católicas do país.

Nas diversas paróquias onde foi designado, Pérez coordenou mobilizações da comunidade, incluindo marchas contra a venda de drogas em bares e cantinas.

“Já não se aguenta mais” a violência, afirmou em 13 de setembro, durante uma peregrinação pela paz realizada em Tuxtla Gutiérrez, capital de Chiapas.

Em 2021, ele apoiou o levante armado do grupo Autodefensas del Pueblo El Machete, no município de Pantelhó, onde atuou como mediador entre o governo e o grupo armado.

No entanto, em julho daquele ano, foi acusado de estar supostamente envolvido no sequestro de 21 homens nessa comunidade, o que o padre negou.

Em 2022, diante de rumores não confirmados de que seria preso, diversas organizações internacionais de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a ACAT-France, denunciaram uma tentativa de “criminalização” do sacerdote.

Em meio à violência que aflige o México, vários religiosos têm sido vitimados. Segundo a imprensa mexicana, pelo menos nove foram mortos nos últimos cinco anos.

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