Pessoas que negligenciam as atividades prazerosas do dia a dia tendem a apresentar menores índices de bem-estar mental, segundo um compilado de estudos

Por Priscila Carvalho, da Agência Einstein

Desvalorizar o tempo dedicado ao lazer pode fazer mal para a saúde mental — e inclusive para a produtividade no trabalho. O recado vem de um compilado de estudos publicado no periódico Journal of Experimental Social Psychology.

Os cientistas da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, realizaram quatro pesquisas que, juntas, ajudam a compreender a importância de hobbies e afins. Elas mostram que voluntários que menosprezavam essas atividades ou não se dedicavam a elas tendiam a exibir taxas maiores de estresse, ansiedade e sintomas depressivos.

“Há muitos estudos sugerindo que o lazer traz benefícios para a saúde mental e que pode nos tornar mais produtivos”, disse Selin Malkoc, uma dos autoras desse trabalho, em comunicado.

Em uma das investigações, ela e seus colegas avaliaram o grau de felicidade, ansiedade e estresse de 199 estudantes universitários. Os voluntários também foram questionados sobre quanto concordavam com cinco afirmações que ligavam o lazer a um suposto desperdício de tempo.

Ao analisar os resultados, os cientistas constataram que os participantes que mais desvalorizavam essas atividades prazerosas também estavam menos alegres.

A neuropsicóloga Milena Fernandes Mata, especialista pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, reforça a importância de a sociedade refletir sobre a supervalorização do trabalho — e de os indivíduos reservarem tempo para atividades pessoais. “Se mantivermos altos níveis de estresse por muito tempo, podemos entrar no que chamamos de fase de exaustão ou esgotamento”, alerta. Nesse contexto, o organismo deixa de suportar a demanda, o que acaba exigindo períodos prolongados de afastamento, além de contribuir para o surgimento de certas doenças psiquiátricas.

Por que é importante parar?

“O lazer promove saúde e felicidade. Mas muita gente sente culpa por isso”, argumenta Luiz Dieckmann, psiquiatra e diretor do Instituto Brasileiro de Farmacologia Prática (BIPP). Segundo ele, as pessoas devem aprender a valorizar seu tempo livre.

Dieckmann afirma que incorporar com frequências práticas divertidas na rotina aumenta inclusive a capacidade de cumprir bem as obrigações diárias. “Particularmente para os tipos workaholic, dá para aliviar o sentimento de culpa de dedicar mais tempo ao lazer entendendo que essa é uma medida importante para alcançar um desempenho ótimo”, conclui.

(Fonte: Agência Einstein)

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