A proximidade do título do Campeonato Brasileiro e o protagonismo da campanha de quem jogou até agora em 35 das 36 rodadas não afastaram o volante Tchê Tchê, do Palmeiras, de um antigo vínculo. É no contato com ex-colegas do Audax que o titular do técnico Cuca relaxa nas horas de folga e busca dicas com um dos seus mentores no futebol: o treinador Fernando Diniz.

O jogador de 24 anos chegou ao Palmeiras em abril após se destacar no Campeonato Paulista. A excelente temporada no clube que está a um ponto de ser campeão brasileiro não o afastou dos antigos amigos. No grupo de WhatsApp do Audax, o volante é um dos mais ativos nas mensagens, inclusive para brincar com o antigo colega, Yuri, agora no Santos, sobre a disputa dos clubes para se tornar campeão nacional.

Fora o bate-papo informal, o palmeirense gosta de conversar diariamente com Fernando Diniz, quem considera um segundo pai. As orientações ao ex-pupilo de Audax continuam, mesmo à distância, pois o treinador dirige agora o Oeste, de Itápolis (SP), da Série B do Brasileiro. “Na parte tática o Tchê Tchê aprendeu muito com o Fernando Diniz. Para mim, ele não é só a revelação do campeonato. Merece estar na seleção dos melhores”, afirmou o presidente do Audax, o ex-jogador Vampeta.

As dicas de Fernando Diniz e o trabalho de Cuca têm contribuído, mas antes o Palmeiras contou com a ajuda de um ex-corintiano. Foi Vampeta quem recomendou ao clube a contratação do jogador. “Eu falei que poderiam contratar de olho fechado. O Paulo Nobre (presidente do clube) brincou comigo que eu ajudei indiretamente o Palmeiras a ficar perto do título”, contou.

O volante é o atleta palmeirense que mais atuou no Brasileirão ao ter ficado fora somente de um jogo, por suspensão. No Estadual a assiduidade foi parecida. Somente ele atuou em todos os jogos do clube de Osasco (SP) na campanha do vice-campeonato. Os segredos para aguentar a maratona são a dedicação ao preparo físico e não consumir bebidas alcoólicas. “Ver esses jogadores aparecendo bem em um time grande não tem preço. Fico feliz por ter participado do crescimento deles”, afirmou Fernando Diniz.

Tímido nas entrevistas, o jogador relaxa nas horas de folga com o celular, usado para conversar com os amigos, e mais a companhia da família. O filho Rhavier nasceu em setembro. Outro xodó é o cachorro Bart, o buldogue francês da família.

A fama no Palmeiras não mudou os hábitos de Tchê Tchê. Ficar em casa e passeios no shopping center são os passatempos preferidos do jogador que anos atrás usou o nome Danilo Neves. Nas passagens por Ponte Preta e Boa, os clubes preferiram ser mais formais e, assim, ele deixou o apelido de infância, retomado quando voltou ao Audax.

“Até achamos que nesses clubes ele teria ascensão, mas não vingou. Para nós ele sempre foi chamado de Tchê Tchê, um cara que continua humilde e se lembra das origens”, disse o diretor de futebol do Audax, Nei Ferreira. Quem deu o apelido foi um amigo de infância, que viu no futuro jogador semelhanças com um vizinho que era conhecido por Tchê Tchê.

A saída do jogador ao Palmeiras incomodou o dono do Audax, o seu Mário Teixeira. Às vésperas da final do Paulista, o empresário invadiu o gramado em um treino do time para esbravejar pela ida ao clube alviverde, sem saber que o vínculo, pelo menos afetivo, continuaria até agora.