A temporada de caça aos culpados, pela depressão econômica e pelo desemprego, já começou. A pandemia de coronavírus nem chegou a ensaiar uma queda, mas há quem não se contente apenas em contar os doentes e mortos; também quer porque quer enumerar (e numerar!) os responsáveis.

Bolsonaro culpa os governadores. Governadores culpam os prefeitos. Prefeitos culpam Bolsonaro. O jogo de empurra só não é mais estúpido que desnecessário. A culpa, meus caros e caras, é de um só: do vírus. E ainda que um prefeito ou outro tenha exagerado, ou Jair Bolsonaro tenha se comportado como um sociopata, irresponsável e negacionista, nenhum deles tem, de fato, papel relevante nos resultados.

Países que não se fecharam muito, como a Suécia, amargam catástrofes humanas e econômicas. Países que se fecharam bastante, como Itália e Espanha, não assistem melhores resultados. Países “nem, nem” (nem fecharam e nem abriram), como Estados Unidos e Brasil, são recordistas de doentes e de mortos, além de financeiramente devastados.

Sempre digo e repito: essa maldita Covid-19 não veio com manual de instruções. Não há modelo correto ou incorreto a seguir. Há, sim, governos e governantes tentando errar menos e acertar mais. Buscar culpados pela crise econômica e sanitária é injusto e contraproducente. Ao final e ao cabo, não haverá nomes para se condenar ou absolver.

Há raras exceções de “sucesso”? Sim, há. Se você, leitor amigo, fica maravilhado com os resultados colhidos pelos alemães ou neozelandeses, por exemplo, ótimo. É bom conhecer – e reconhecer – bons trabalhos. Mas fica uma dica a respeito destes casos: além de admirar esses povos, você precisa aprender a se comportar como tais, seja como cidadão ou, sobretudo, como eleitor. É melhor bater palmas de perto que de longe.

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