O desmatamento na Amazônia brasileira caiu pela metade no ano passado, segundo dados oficiais divulgados nesta sexta-feira (5), após o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva promover políticas ambientalistas para deter a crescente destruição.

No entanto, a realidade foi diferente no Cerrado, onde o desmatamento alcançou um novo recorde anual em 2023, subindo 43% em relação ao ano anterior, de acordo com o programa de monitoramento Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Dados de satélite mostraram uma superfície de 5.152 km² de floresta destruída na Amazônia no ano passado, uma queda de 50% se comparado com 2022.

Isso representa, porém, mais de três vezes o tamanho da cidade de São Paulo na parte brasileira da maior floresta tropical do mundo, que tem um papel fundamental na absorção dos gases que provocam o aquecimento global.

Por sua vez, o Cerrado, um tesouro de biodiversidade com ecossistemas intrinsecamente ligados aos da Amazônia, perdeu 7.828 km² de vegetação nativa no ano passado, a maior cifra desde o início dos registros em 2014.

“Dois mil e vinte três foi um ano de algumas conquistas importantes na área socioambiental. Eu acho que vale o destaque para uma redução significativa no desmatamento na Amazônia”, disse Mariana Napolitano, do grupo ambientalista WWF-Brasil.

“Mas infelizmente a gente não vê a mesma tendência no Cerrado, […] prejudicando bastante a conservação desse bioma e a provisão de serviços ecossistêmicos tão importantes. E a gente vê agora no final do ano já relatos desse impacto cumulativo com essas altíssimas temperaturas que foram observadas”, acrescentou.

Os dados da Amazônia e do Cerrado correspondem a até 29 de dezembro.

Em conjunto, a área total desmatada nas duas regiões em 2023 é de 12.980 km², uma redução de 18% em comparação com 2022.

Após derrotar Jair Bolsonaro nas tensas eleições de 2022, Lula iniciou seu terceiro mandato, em 1º de janeiro de 2023, clamando pelo retorno do Brasil na luta contra a ameaça climática.

Durante a gestão de Bolsonaro (2019-2022), aliado do agronegócio e alvo de críticas internacionais, o desmatamento amazônico avançou 75% em relação à média da década anterior.

De acordo com especialistas, a destruição da Amazônia e do Cerrado é impulsionada sobretudo pela ampliação de terras para a agricultura e a pecuária no país, maior exportador mundial de soja e carne.

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