Deslocamentos de população na Cisjordânia são os mais importantes desde 1967, segundo a ONU

A ONU advertiu, nesta terça-feira (15), que os deslocamentos maciços da população na Cisjordânia atingiram níveis nunca vistos desde o início da ocupação israelense do território palestino há quase 60 anos.

Desde 21 de janeiro, o Exército israelense realiza uma ofensiva em grande escala denominada “Muro de Ferro” em várias áreas da Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967.

Segundo a ONU, esta operação miltiar, apresentada pelo Exército israelense como uma ofensiva contra grupos palestinos, deslocou dezenas de milhares de pessoas.

Esta ofensiva é “a mais longa desde a Segunda Intifada”, no início dos anos 2000, declarou Juliette Touma, porta-voz da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), desde a Jordânia.

“Afeta vários campos de refugiados na região e provoca o maior deslocamento de população palestina na Cisjordânia desde 1967”, afirmou.

“Cerca de 30 mil pessoas foram deslocadas desde o início da operação ‘Muro de Ferro’ e continuam deslocadas hoje em dia”, explicou Thameen Al Kheetan, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

Durante este período, as forças de segurança israelenses emitiram ordens de demolição para cerca de 1.400 casas no norte da Cisjordânia, destacou Al Kheetan em uma coletiva de imprensa, qualificando estes números como “alarmantes”.

Segundo a ONU, as demolições realizadas por Israel deslocaram 2.907 palestinos na Cisjordânia desde o ataque de 7 de outubro de 2023 por parte do movimento islamista palestino Hamas. Neste mesmo período, 2.400 palestinos, quase metade deles crianças, foram deslocados como consequência de ações realizadas por colonos israelenses.

“O deslocamento permanente da população civil no território ocupado equivale a uma transferência ilegal”, explicoi Thameen Al Kheetan, destacando que isto poderia ser considerado uma forma de limpeza étnica e constituir um crime contra a humanidade.

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