Mais de 1.000 pessoas morreram em um intenso deslizamento de terra na região de Darfur, no oeste do Sudão, informou na segunda-feira um grupo rebelde que controla a área, segundo o qual houve apenas um sobrevivente.
A tragédia aconteceu no domingo, após vários dias de chuvas fortes, e devastou a aldeia de Tarasin, na região de Jebel Marra, informou o Movimento de Libertação do Sudão (MLS), liderado por Abdulwahid al Nur, em um comunicado na segunda-feira.
“As informações iniciais indicam a morte de todos os moradores da aldeia, calculados em mais de mil pessoas, com apenas um sobrevivente”, afirmou o grupo, que classificou o deslizamento de terra como “devastador”.
O grupo fez um apelo à ONU e outras organizações para que ajudem na operação de recuperação dos cadáveres ainda sepultados sob a lama e os escombros.
“Isso está além da nossa capacidade”, afirmou Nur à AFP por meio de um aplicativo de mensagens.
“Massas de lama caíram sobre a aldeia. Nossas equipes humanitárias e os moradores estão tentando recuperar os corpos, mas a magnitude do desastre é muito maior do que os recursos de que dispomos”, acrescentou.
Fotos publicadas pelo movimento mostram moradores reunidos sobre um enorme fluxo de lama e pedras em um vale cercado por montanhas.
Outras imagens divulgadas pelo MLS nas redes sociais mostram a aldeia sepultada sob uma grossa camada de lama, árvores arrancadas pela raiz e vigas destruídas.
O Sudão é cenário de uma sangrenta guerra civil há três anos entre o Exército oficial e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (FAR), que afundou o país africano em uma das piores crises humanitárias do mundo, com fome em partes de Darfur.
De modo geral, o MLS permanece distante dos combates, apesar de controlar algumas áreas montanhosas do país.
O governador de Darfur, Minni Minnawi, aliado do Exército, classificou o deslizamento como uma “tragédia humanitária que transcende as fronteiras da região”.
“Pedimos às organizações humanitárias internacionais que atuem urgentemente e forneçam apoio e assistência neste momento crítico, porque a tragédia é mais do que nosso povo pode enfrentar”, expressou em um comunicado.
Grande parte de Darfur permanece inacessível às organizações internacionais de ajuda, incluindo a área do deslizamento, devido aos combates, o que limita consideravelmente a entrega de ajuda humanitária.
A guerra civil no Sudão começou em abril de 2023 devido a uma disputa de poder entre o comandante do Exército, Abdel Fatah al Burhan, e o comandante das FAR, seu ex-subalterno Mohamed Hamdan Daglo.
As forças de Burhan retomaram este ano o controle do centro do Sudão, deixando as FAR no controle de grande parte de Darfur e em partes da região sul de Kordofan.
Dezenas de milhares de pessoas morreram nos combates, que também forçaram o deslocamento de milhões de sudaneses.
Centenas de pessoas morreram nos últimos meses com a intensificação dos ataques das FAR no estado de Darfur do Norte.
Quase 10 milhões de pessoas estão deslocadas dentro do Sudão e quatro milhões fugiram para países vizinhos, segundo a ONU.
bur-tym/mas/arm/mab/pc/fp/jc