Via Pietro Maroncelli, número 13, Milão, Itália. É no epicentro do “Maroncelli District”, na capital mundial do design, que a galeria brasileira ETEL exibe o melhor da criação brasileira do setor. Com a inauguração da primeira unidade internacional da marca, desembarcam na Europa peças de grandes nomes do design nacional, como Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Zalszupin e os contemporâneos Claudia Moreira Salles, Isay Weinfeld, Arthur Casas e a própria Etel Carmona. “O design brasileiro tem sido aclamado pela mídia e por profissionais internacionais como a última grande descoberta de peso em termos estéticos, tanto pela qualidade quanto pelo número de autores e peças”, afirma Lissa Carmona, diretora geral e curadora da galeria. Com a abertura da ETEL Milano, a marca consegue aumentar a própria visibilidade, coloca os designers brasileiros em evidência e também propicia um intercâmbio de tecnologia entre o Brasil e países europeus. “Estar perto dos nossos grandes clientes e parceiros é fundamental para a marca neste momento”, comenta Lissa. Mas a galeria não pretende ficar apenas na Europa. Ainda esse ano, a Ásia é o novo destino, com a inauguração de uma representação em Beirute, no Líbano. Não para por aí. Nos próximos anos, a meta é ir ainda mais longe, como Singapura e Coreia do Sul, mercados que demonstram interesse pelos itens criados por brasileiros, principalmente peças feitas em madeira.
Na América do Norte, é Dado Castello Branco que tem conquistado cada vez mais espaço. Além de suas criações figurarem na Galeria Espasso, em Nova York, o arquiteto também participa da primeira edição da CASA COR Miami, em dezembro, ao lado de influentes profissionais como o francês Pierre Frey, um dos principais nomes do segmento de tecidos no mundo, e Steve Harris — responsável pelo lifestyle das lojas Dolce & Gabana. “Temos diversos nomes já conhecidos internacionalmente na área do design e da arquitetura. O Brasil sempre desperta uma curiosidade”, diz Dado Castello Branco.
- Aparador Ondas, de Arthur de M. Casas. A peça é de 2009
- Experiência de design, ciência e tecnologia, o Love Project transforma em objetos do cotidiano emoções captadas em narrativas de amor: ideia brasileira abraçada pela crítica internacional
- Cadeira Nóize, criada por Guto a partir da mescla do som captado nas ruas de São Paulo
- Carrinho de Chá LBB, de Lina Bo Bardi. A peça foi desenhada em 1948
- Carrinho de Chá, de Jorge Zalszupin. O produto foi criado em 1959
- Poltrona Adriana, de Jorge Zalszupin
- Cadeira GS2, de Giuseppe Scapinelli. A criação de 1950 está no acervo da ETEL Milano, galeria que leva o design brasileiro para a Itália
- Cadeira Palhinha, arquitetos da Branco & Preto. A criação, de 1952, também integra a coleção da ETEL Milano
- Aura Pendant: joia criada a partir de emoções que faz parte do Love Project
Se o sucesso do design brasileiro já é uma realidade global, há um grupo que está preocupado em garantir que o futuro do País na área seja ainda mais próspero. O Projeto Raiz, uma iniciativa do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves, inaugurou no mês passado um showroom no centro de Orlando, nos Estados Unidos, para promover o talento e os produtos nacionais. No local, por enquanto, quatro estúdios expõem suas peças. A ação faz parte de uma estratégia de internacionalização, participação e fortalecimento dos designers de mobiliário do Brasil nos Estados Unidos para que profissionais brasileiros sejam cada vez mais solicitados pelo mercado americano.
Palestras
A expansão do design brasileiro, no entanto, não se limita às peças de arte. O conhecimento dos profissionais do País também é bastante requisitado. Só em 2017, o arquiteto Guto Requena já fez mais de dez palestras internacionais, incluindo a Universidade Paris-Sorbonne, na França, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universiadde Harvard, nos Estados Unidos. Ele também foi o representante do Brasil no evento Open Innovations Forum, na Rússia. “Quando a gente chega lá fora é até um pouco mais fácil. A exigência é a mesma, mas lá eles têm mais profissionais, têm mais tecnologias disponíveis e mais acessíveis”, afirma. Requena é referência em economia digital, desafios da transformação global e como transformar positivamente as cidades por meio da arte pública. “Mostrei que São Paulo pode ser protagonista na discussão das cidades do futuro”, diz o arquiteto que tem entre suas criações o Love Project, experiência de design, ciência e tecnologia que transforma em objetos do cotidiano emoções captadas em narrativas de amor. Com tanta repercussão, Requena abocanhou um projeto em Paris: uma discoteca — que ainda está em fase de execução — com uma grande instalação de arte interativa no meio do espaço e desenhada inteiramente pela equipe dele. São 1500 metros quadrados com toda bossa que só um brasileiro consegue criar.
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Guto Requena: só esse ano, o arquiteto brasileiro já fez mais de dez palestras em universidades internacionais, incluindo Harvard