Boris Johnson se tornou na semana passada um dos mais cambaios dos primeiros-ministros que já passaram pela Downing Street, número 10, sede do governo do Reino Unido. Ele venceu o voto de desconfiança pedido pela sua própria legenda, o Partido Conservador, mas saiu completamente desgastado do escândalo envolvendo a sua participação em festas secretas no momento em que todo o país respeitava severas restrições devido à pandemia — além das festanças em si, algumas delas se deram sem nenhuma segurança sanitária. Boris Johnson, para se manter em pé, carecia de cento e oitenta votos entre os trezentos e cinquenta e nove parlamentares de sua sigla: conquistou duzentos e onze, mas a debilitação ocorre porque cerca de 40% dos conservadores optaram pela sua saída do cargo. A situação, agora, é séria. “A população está farta de um premiê que promete muito, mas nunca faz nada”, declarou o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, que lhe faz ruidosa oposição. “A votação foi severamente prejudicial ao primeiro-ministro”, afirmou Roger Galé, parlamentar conservador que, por sua vontade, tiraria o quanto antes Boris do comando da nação. “Ele tem de voltar a Downing Street e considerar como levará a vida daqui para frente”. Boris vai mudar de comportamento como espera seu correligionário? Provavelmente não. Ele deixou claro que considera o resultado “convincente”. Não restam dúvidas de que traiu a confiança da população com a promoção das festas, apelidadas de “partygate”, mas de fato não é essa a hora de tirá-lo do poder, abrindo uma crise no país em meio à crise econômica e à guerra na Ucrânia. E foi isso que a rainha Elizabeth II ponderou no pouco que falou ao longo das comemorações de suas sete décadas de reinado. É claro que uma ala dos conservadores lhe deu ouvidos. Boris tem de beijar as mãos da realeza.

Lembram de Thereza May?

Frank Augstein

Thereza May, antecessora de Boris, venceu uma moção de desconfiança em 2018, mas acabou renunciando diante da ofensiva para que retirasse o Reino Unido da União Europeia.

VATICANO
Renúncia em agosto pode estar nos planos do papa Francisco

REVERÊNCIA À HISTÓRIA A cidade de L’Áquila, na qual Francisco irá em agosto: dificuldade de locomoção e homenagem a Celestino V (Crédito:Nicola Di Maio)
Massimiliano Migliorato

Francisco nomeou vinte e um cardeais (dois brasileiros), sendo que dezesseis deles estão aptos a serem eleitos para a função de novo pontífice e, também, a votarem quando da escolha de um novo papa. Na semana passada, Francisco confirmou o Consistório de cardeais para agosto – trata-se de uma espécie de ritual da posse. Na sequência, ele assegurou que, em meio ao Consistório, viajará para a cidade de L’Aquila. A partir daí, o Vaticano se inquietou. Diante da crescente dificuldade de locomoção que Francisco vem apresentando, começou-se a falar do simbolismo da viagem à L’Aquila: ele aproveitaria a ocasião de o Colégio Cardinalício estar reunido e renunciaria na mesma localidade em que, há oitocentos anos, o papa Celestino V renunciou em seu primeiro dia de pontificado, em 1294. Celestino era um ermitão que se sentiu incapaz de cumprir com as obrigações ao se ver cercado de luxo.

Susto e risos

Daniel LEAL / AFP

Entre as tantas imagens das honrarias prestadas pelos ingleses à rainha Elizabeth II, pelos seus setenta anos de reinado, essa foto viralizou nas redes sociais em todo o mundo. O príncipe Louis, entre a rainha e a sua mãe, Kate Middleton, tapa os ouvidos e berra assustado com o barulho da exibição dos aviões da Força Aérea Britânica. Seus irmãos, a princesa Charlotte e o príncipe George, olham para as aeronaves e se divertem.