A desidratação da Reforma da Previdência é tida como certa por vários deputados na Câmara, inclusive do PSL, partido do presidente. Eles acreditam que dificilmente o ministro da Economia, Paulo Guedes, vai conseguir impor uma economia de R$ 1 trilhão às finanças públicas, conforme ele vem pregando. A expectativa dos congressistas é que o alívio nos cofres públicos seja de algo em torno de R$ 800 bilhões. Mesmo assim, é um valor acima do que o mercado espera: R$ 600 bilhões. Nos bastidores, Guedes tem dado indicativos de que não importa o conteúdo da reforma previdenciária, mas sim a expectativa de economia aos cofres públicos. O problema, alertam alguns congressistas, é que se uma desfiguração completa do texto pode dar ar de derrota ao governo.

Acordos

O Carnaval foi de reavaliação da equipe do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. A articulação junto ao Congresso é o maior “calcanhar de Aquiles” presidencial. Segundo interlocutores, Onyx pretende ser mais arrojado a partir de agora e deixar mais claro que o governo está disposto a cumprir acordos com os aliados políticos.

Cotão

A legislatura pode ser nova, mas velhos hábitos permanecem. Em apenas um mês, os deputados gastaram R$ 3,3 milhões a título de ressarcimento por meio da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar – CEAP. O deputado que mais utilizou-se desse benefício foi Jhonatan de Jesus (PRB-RR), que gastou R$ 57,7 mil no mês.

O Antagonista

Adriano Machado

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), tem trabalhado nos bastidores para concorrer à Presidência da República em 2022. A tática comunista é, em um primeiro momento, fazer de Dino o grande antagonista de Bolsonaro nas redes sociais para, assim, ele ganhar a simpatia de outros setores da esquerda. Integrantes de partidos como o PSol e PSB vêem como interessante a tática do governador maranhense.

Rápidas

* O deputado federal Luiz Ovando (PSL/MS) apresentou antes do feriadão um Projeto de Lei que pode acabar com o horário de verão. Ele quer proibir a instituição do horário especial alegando que a prática “causa problemas para a população, sobretudo para os mais humildes”.

* Os senadores da Comissão de Relações Exteriores preparam-se para fazer uma varredura dos empréstimos que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fez para à Venezuela de Nicolás Maduro.

* Para depois da semana do Carnaval, é esperada também a presença no Senado do ministro da Economia, Paulo Guedes. Os senadores querem discutir detalhes da reforma da Previdência e conversar sobre o endividamento dos Estados.

* O ex-deputado e ex-candidato a presidência da República, Cabo Daciolo (PATRI-RJ), estava circulando pelo Congresso na semana passada para retomar suas articulações políticas. A expectativa é que ele se filie ao Podemos.

Retrato falado

“Gostaria de ver mais deputados eleitos por Bolsonaro defendendo a necessária nova previdência” (Crédito:Divulgação)

Ativo nas redes sociais, Carlos Bolsonaro, o filho do meio do presidente Jair Bolsonaro, coleciona polêmica com as suas postagens, como a que acabou por derrubar o ex-ministro Gustavo Bebianno. Na semana passada, porém, Carlos deu um mais recado no Twitter, ao lembrar que boa parte dos novos deputados que compõem a base do governo e resistem em aprovar a reforma da Previdência, devem em grande parte suas eleições à mesma onda que elegeu Bolsonaro presidente.

Toma lá dá cá

Senador Weverton Rocha (PDT-MA)

O senhor é líder do PDT no Senado. Um dos líderes, portanto, da oposição. Que avaliação o senhor faz do governo até agora?
A oposição tem sido muito respeitosa com o atual governo. Não é sistemática. O próprio Ciro Gomes recomendou um período de trégua de cem dias. Mas é impressionante a capacidade que esse governo tem de gerar suas próprias crises.

A oposição quer contribuir?
Queremos contribuir. Pelo menos da parte do PDT, essa é a intenção. Somos oposição. Não pretendemos deixar de ser. Mas é possível um diálogo respeitoso. Mas eles não ajudam.

Por quê?
Não ajudam. Não dialogam e ficam gerando essas crises malucas. A República das Laranjas parece ser incapaz de discutir além das suas próprias cercas.

Gilmar na ofensiva

Abespinhado com o vazamento de uma investigação feita pela Receita Federal acerca de suas movimentações econômicas, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes tem exigido uma apuração rigorosa do caso. Depois de cobrar da Presidência do Supremo e da Diretoria da Receita Federal uma punição dos culpados, Mendes partiu para cima dos representantes das entidades ligadas aos auditores da Receita, como o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais
da Receita Federal (Sindifisco). Mesmo da forma polida com a qual se dirigiu a eles, o contato soou como uma pressão para que a apuração sobre seu patrimônio e de sua esposa Guiomar Mendes seja estancada.

Doa a quem doer

Mas uma fonte ouvida por ISTOÉ garante: as investigações sobre o ministro e sua mulher vão continuar doa a quem doer. Elas apenas deram “um tempo” até a poeira abaixar. Guiomar é sócia de Sérgio Bermudês em vários escritórios e os auditores miram para honorários pagos por clientes com ficha suja.

PSL Mulher

A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) é tida como uma das favoritas para comandar o PSL Mulher, entidade responsável por incentivar as candidaturas femininas no partido. Tida com perfil conciliador, o nome de Soraya foi levantado por outras mulheres parlamentares do partido.

Licitação contra vírus

Enquanto muito se discute o melhor uso dos recursos públicos, o Supremo Tribunal Federal (STF) resolveu abrir procedimento licitatório para a compra de 4 mil doses de vacinas contra o vírus influenza. O valor estimado da compra será de R$ 140 mil
e o certame está marcado para a quarta-feira da semana que vem.

Adolescente habilitado

Divulgação

Se depender do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), adolescentes com 16 anos poderão andar habilitados a partir dos próximos anos. O parlamentar apresentou proposta legislativa para reduzir a idade mínima de expedição da CNH. A lei, segundo ele, foi inspirada na legislação dos Estados Unidos, onde ele foi radicado.