Um soldado norte-coreano que desertou e fugiu para a Coreia do Sul sob uma chuva de balas no ano passado é filho de um general e afirma que seus compatriotas não têm qualquer lealdade para com Kim Jong-un – informou um jornal japonês.

Sua espetacular fuga pela fronteira na localidade de Panmunjom, na Zona Desmilitarizada (DMZ) que divide a península, ganhou as primeiras páginas de todo o mundo.

Em consequência dos ferimentos, Oh Chong-song foi hospitalizado em estado grave.

É muito raro que os soldados norte-coreanos desertem em Panmunjom, um importante destino turístico e o único local na fronteira onde as duas Coreias ficam frente a frente.

Oh, de 25 anos, deu sua primeira entrevista ao jornal japonês “Sankei Shimbun”.

Apesar de suas condições de vida privilegiadas, o soldado que se apresentou como da “classe alta” explicou que não sentia qualquer dever de lealdade para com o regime norte-coreano.

“Na Coreia do Norte, as pessoas, e especialmente as gerações mais jovens, são indiferentes umas às outras, à política e a seus líderes, não há senso de lealdade”, afirmou.

Ele também se declarou “indiferente” ao reinado de Kim Jong-un, terceiro na dinastia que dirige a Coreia do Norte com mão de ferro.

“Provavelmente 80% da minha geração é indiferente e não tem sentimento de lealdade”, insistiu.

O ex-soldado negou notícias da imprensa sul-coreana de que ele era procurado por assassinato em seu país.

Segundo a matéria publicada pelo “Sankei”, ele teria bebido muito depois de uma briga com amigos. Quando cruzou um posto de controle, temendo ser executado, decidiu continuar seu caminho.

“Eu estava com medo de ser executado se recuasse, então, cruzei a fronteira”, disse ele, acrescentando que não se arrependia de sua deserção.

Sua identidade foi confirmada pelos serviços de Inteligência japoneses, segundo o jornal, que publica um vídeo em que aparece com uma jaqueta preta e fala com um sotaque norte-coreano. Não se pode ver o rosto dele.

O Ministério sul-coreano da Unificação se negou a comentar a informação.

Lee Cook-jong, o médico sul-coreano que cuidou dele, contou que o jovem já está empregado e comprou um carro.