02/08/2024 - 14:47
O mercado de trabalho dos Estados Unidos desacelerou mais do que o esperado em julho, com um aumento da taxa de desemprego para 4,3%, a mais alta desde outubro de 2021, um dado que preocupa o Federal Reserve (Fed, banco central) e que é divulgado faltando três meses para as eleições presidenciais.
A taxa de desemprego aumentou 0,2 ponto percentual em julho, em comparação com os 4,1% de junho, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento do Trabalho.
Além disso, em junho, foram criados apenas 114.000 postos de trabalho, frente aos 179.000 do mês anterior, um número revisado para baixo em relação aos 206.000 novos postos de trabalho anunciados em junho.
Os analistas consideravam que a taxa de desemprego se manteria em 4,1% em julho, mas com uma queda na criação do empregos, de até 185.000, segundo o consenso da empresa especializada MarketWatch.
“O emprego está crescendo de forma mais gradual, em um momento em que a inflação caiu consideravelmente”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, citado em um comunicado de imprensa.
Após três anos de escassez de mão de obra, que aumentou a inflação ao levar os empregadores a aumentar os salários para atrair e manter os trabalhadores, a situação está se reequilibrando.
A saúde do mercado de trabalho pode influenciar os eleitores antes das presidenciais de novembro, para as quais o candidato republicano Donald Trump e sua provável adversária democrata, a atual vice-presidente Kamala Harris, aparecem empatados em vários estados.
Para a equipe de campanha de Trump, estes números são “mais uma prova” de que a política econômica de Biden “está decepcionando os americanos”, reagiu a porta-voz Karoline Leavitt, em uma nota à imprensa.
A deterioração do mercado de trabalho também pesou sobre a atividade na Bolsa, já que nesta sexta-feira Wall Street registrou perdas nos três principais índices de pelo menos 2,2% no final da manhã.
“O setor privado, excluindo os cuidados de saúde e a assistência social, deteriorou-se rapidamente e agora está anêmico (…) As famílias americanas estão sentindo os efeitos”, disse Julia Pollak, economista-chefe do site de anúncios de emprego ZipRecruiter.
Enquanto isso, o Fed manifestou grande preocupação tanto com um possível aumento do desemprego quanto com a inflação.
O presidente da entidade, Jerome Powell, estimou na quarta-feira, durante uma coletiva de imprensa, que “as condições do mercado de trabalho voltaram aproximadamente a ser como antes da pandemia: sólidas mas não abundantes”.
Ele avaliou que “o aumento dos salários desacelerou no último ano” e destacou que “a taxa de desemprego aumentou, mas continua baixa”, enquanto “a importante geração de empregos nos últimos anos foi acompanhada por um aumento da oferta de trabalhadores, o que reflete um aumento da participação de pessoas de 25 a 54 anos e uma taxa sustentada de imigração”.
O Fed tem mantido há um ano suas taxas de juros em seu nível mais alto desde 2001, empurrando os bancos a oferecer taxas elevadas a seus clientes para os diversos empréstimos.
O objetivo é desacelerar a atividade econômica, aliviar a pressão sobre os preços e, em última instância, reduzir a inflação. Porém, isto também tem consequências para o emprego.
“É um erro grave”, disse a influente senadora democrata Elizabeth Warren na rede X, referindo-se à recusa do Fed em baixar as taxas – atualmente em torno de 5,25% e 5,50%.
As repercussões da política monetária do Fed estão começando a ser observadas.
Os pedido de seguro-desemprego chegaram a seu nível mais alto no final de julho. No entanto, segundo alguns analistas, se mantém em níveis muito baixos, em comparação aos da década de 1960.
“Embora (a taxa de desemprego) permaneça historicamente baixa, uma nova deterioração levantaria preocupações no Fed”, sublinharam Carl Weinberg e Rubeela Farooqi, economistas da empresa High Frequency Economics.
A inflação, tema central da campanha eleitoral americana, retomou sua trajetória de queda, registrando em junho 2,5% interanual, segundo o índice PCE, aproximando-se do objetivo anual de 2% estabelecido pelo Fed.
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