Índice bate 6,4% em janeiro. Desempregados somam quase 3 milhões no país – o nível mais alto desde 2015. Mercado de trabalho é afetado por desaceleração da economia alemã.O número de desempregados na Alemanha subiu em janeiro deste ano e chegou a quase 3 milhões de pessoas, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (31/01) pela Agência Federal de Emprego da Alemanha.
Esse aumento acentuado em janeiro é típico, já que muitos contratos de trabalho sazonais chegam ao fim nessa época do ano. Além disso, algumas posições de trabalho que dependem do clima, como na construção civil, são suspensas em decorrência do inverno.
O valor registrado em janeiro de 2025, contudo, é o mais alto em dez anos.
A última vez que o número absoluto de pessoas desempregadas foi maior no país foi em janeiro de 2015, com 3,032 milhões, contra os atuais 2,993 milhões.
Segundo os dados preliminares da Agência, a taxa de desemprego aumentou 0,4% em janeiro em relação a dezembro, alcançando o índice de 6,4%. Isto representa um aumento de 187 mil pessoas desempregadas em comparação com o mesmo mês de 2024.
Empresas alemãs sob pressão
A economia da Alemanha vive uma queda prolongada, registrando dois anos consecutivos de declínio pela primeira vez em mais de duas décadas.
Os economistas não esperam uma recuperação tão cedo, já que as empresas alemãs continuam a enfrentar intensa pressão da concorrência global, dos altos preços da energia e do aumento dos custos trabalhistas.
"Os números do mercado de trabalho são um sinal de alarme", disse o presidente da Confederação Alemã de Associações de Empregadores, Rainer Dulger.
"A fraqueza econômica e estrutural da economia alemã está atingindo o mercado de trabalho com força total", continuou.
Dulger defendeu redução na burocracia, reformas nos custos trabalhistas não salariais e preços mais baixos de energia. "Assim a Alemanha voltará ao caminho do crescimento. Só então a reviravolta no mercado de trabalho será bem-sucedida."
Já a Associação do Setor de Engenharia Mecânica da Alemanha (VDMA) disse que espera por reformas após as eleições gerais do país, marcadas para 23 de fevereiro.
"Uma em cada quatro empresas do setor de engenharia mecânica está planejando cortar postos de trabalho nos próximos seis meses, como mostra nossa pesquisa econômica", disse Thilo Brodtmann, executivo da VDMA.
"As empresas estão fazendo tudo o que podem para manter sua força de trabalho e também estão investindo em treinamento e promoção de jovens talentos."
"Portanto, é ainda mais importante reduzir as contribuições da seguridade social para um nível aceitável, a fim de reduzir os custos trabalhistas."
Ministério do Trabalho pede ação política
O Ministro do Trabalho da Alemanha, Hubertus Heil, disse que é necessária uma ação política para impulsionar a economia e abordar os problemas estruturais que estão ameaçando os empregos.
Heil defendeu que um subsídio "Made in Germany" poderia fornecer apoio direcionado ao investimento do setor privado. "Além disso, nosso setor manufatureiro, em particular, precisa de preços de energia competitivos, sobretudo por meio da redução dos custos de expansão da rede", disse o ministro em um comunicado.
Apesar dos desafios, até o momento, o mercado de trabalho alemão tem se mantido melhor do que a economia em geral, com o desemprego aumentando apenas lentamente.
A expectativa da Agência Federal de Emprego da Alemanha. é de que, em fevereiro, o desemprego apresente uma tendência de estabilidade, antes da primeira recuperação prevista para março.
gq/ra (DW, DPA)