O déficit primário das contas do Governo Central em 2021, de R$ 35,073 bilhões, foi melhor que as projeções, sobretudo pelo desempenho das receitas, pautado por uma inflação mais elevada ao longo de todo o ano passado. Essa é a avaliação do diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, Felipe Salto.

Para ele, no entanto, esse desempenho não irá se repetir neste ano. “Dificilmente o desempenho se repetirá em 2022, por duas razões: primeiro, porque a arrecadação tende a perder fôlego, com o PIB crescendo a 0,5% e a inflação desacelerando; segundo, porque a virada de mesa no teto de gastos, com a PEC dos Precatórios, da qual derivaram as Emendas 113 e 114, abriu rombo de R$ 112,6 bilhões para 2022.”

Segundo Salto, isso se transformará em gastos adicionais, o que irá colaborar para um déficit mais alto. Ele lembra que o próprio governo prevê, na lei orçamentária anual, a elevação do déficit para R$ 79,3 bilhões. “No caso da IFI, projetamos R$ 106,2 bilhões (de déficit). De todo modo, é um quadro fiscal ainda delicado.”

Salto diz ainda “é um erro” analisar os dados de 2021 e simplesmente projetá-los para o futuro. “Essa análise baseada no retrovisor não faz sentido, porque a conjuntura é bastante negativa para a atividade, para os juros e para a dívida pública.”

O Tesouro Nacional divulgou no período da tarde desta sexta o resultado primário das contas do Governo Central (Tesouro, Banco Central e Previdência) em 2021. O déficit de R$ 35,073 bilhões registrado no ano passado foi o menor déficit desde 2014. O rombo de 2021 é equivalente a 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), após um déficit de 10,0% do PIB registrado em 2020 para fazer frente à pandemia de covid-19.

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