O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recebeu na noite desta segunda-feira(19) uma reclamação protocolada pelo PSOL contra a desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, da 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O pedido foi feito depois que a autoridade postou em seu perfil nas redes sociais mensagens falsas sobre a conduta da vereadora Marielle Franco, morta na semana passada.

O partido pede que o CNJ instaure um processo legal e administrativo contra a desembargadora e que apure as atitudes de Marília. A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia também formalizou uma reclamação disciplinar no órgão contra a magistrada.

A desembargadora postou em uma rede social que Marielle foi eleita pelo Comando Vermelho e, no final do texto, disse: “qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar  valor a um cadáver tão comum quanto outro qualquer”. Marielle foi eleita com 40% dos votos na Zona Sul e Barra da Tijuca. Ela foi a quinta mais votada.

Alvo de polêmicas

Não é primeira vez que a desembargadora tem seu nome envolvido depois de fazer postagens polêmicas nas redes sociais. O PSOL também vai denunciar a autoridade por pedir a morte do deputado federal Jean Wyllys. Há dois anos, Marília escreveu em sua conta no Facebook que era a favor de um “paredão profilático para determinados entes”. E usou a frase “O Jean Willis [sic] por exemplo, embora não valha a bala que o mate e o pano que limpe a lambança, não escaparia do paredão…”.

Recentemente, Marília postou um novo texto polêmico, desta vez contra Débora Seabra, primeira professora com  síndrome de Down do país. Na mensagem, a magistrada indagou como um professor que possui síndrome de Down pode ensinar alguém: “Ouço que o Brasil é o primeiro em alguma coisa!!! Apuro os ouvidos e ouço a pérola: o Brasil é o primeiro país a ter uma professora portadora de síndrome de Down!!! Poxa, pensei, legal, são os programas de inclusão social… Aí me perguntei: o que será que essa professora ensina a quem???? Esperem um momento que eu fui ali me matar e já volto, tá?”, escreveu a desembargadora em sua conta no Facebook.

Reprodução Facebook

Débora tem 36 anos e trabalha há 13 como auxiliar em uma escola particular em Natal, no Rio Grande do Norte. A professora publicou uma carta em sua conta no Facebook em resposta à postagem.

“Não quero bater boca com você! Só quero dizer que tenho síndrome de Down e sou professora auxiliar de crianças em uma escola de Natal (RN). (…) Eu ensino muitas coisas para as crianças. A principal é que elas sejam educadas, tenham respeito pelas outras, aceitem as diferenças de cada uma, ajudem a quem precisa mais. (…) O que eu acho mais importante de tudo isso é ensinar a incluir as crianças e todo mundo pra acabar com o preconceito porque é crime. Quem discrimina é criminoso”, escreveu a professora.

A reportagem da IstoÉ entrou em contato com a desembargadora que não respondeu as mensagens e pedidos de entrevista.