06/11/2024 - 9:23
Desde que retomamos a WH, sempre guardei em mente uma vontade louca de ter a capa da revista estampada pela Débora Nascimento. Sigo a atriz pelas redes sociais há algum tempo e com frequência fico tocada pelos temas e imagens que ela escolhe postar. Imagine então a minha alegria quando recebi o e-mail com o SIM dela para estar na nossa publicação!
Enquanto preparava as perguntas para a entrevista, me peguei pensando nas razões por eu ficar tão intrigada com a atriz. E conhecendo a Débora pessoalmente pude confirmar o que tinha em mente sobre ela. A mulher é pura natureza. Ela é direta, sabe bem o que quer. Conhece o seu corpo, entende o que fica bem nele. E aceita suas curvas. “Acho que passei um período da minha adolescência sem entender meu lugar e as minhas formas. Mas, depois de uma certa idade, fui me entendendo, me aceitando e me perdoando, abraçando minhas imperfeições. Compreendendo que elas fazem parte de mim e que fazem de mim perfeita. Aprendi a me escutar”, diz. Os ecos do nosso papo de 40 minutos você encontra nas páginas a seguir.
Você sempre foi assim, tão segura de si?
Fui entendendo cada vez mais minha essência, meu tamanho, meus desejos. Nós somos bombardeadas com muitas referências, muitas informações. E, muitas vezes, isso não bate com nosso desejo, com nosso modo de ser. Como é que você filtra isso? Fui aprendendo essas coisas numa busca de mim mesma. Aprendi a me escutar.
Fez terapia?
Fiz por um tempo, mas sou muito questionadora por natureza. Fico analisando minhas escolhas, observo bastante as pessoas. Estou na fase mais segura de mim, mas é mais uma questão de ficar em paz. Entender também que posso não estar me sentindo bem e tudo bem. É compreender meus altos e baixos.
O fato de ser pública auxiliou nessa sua busca por autoconhecimento?
Isso dilatou em mim a necessidade de eu me achar. Porque o outro sempre põe uma expectativa, aí você recebe aquela demanda externa… E isso foi uma enxurrada que me fez parar e refletir sobre a minha própria felicidade. Acho que se eu não fosse conhecida ou não tivesse tanta exposição, talvez eu estaria mais acomodada e indo com o fluxo, mas agora tenho uma obrigação comigo mesma de ser eu. Isso ajudou no processo de analisar o que eu quero.
E foi nessa sua busca interna que entrou na militância pelas mulheres?
Quando tudo que você faz é muito olhado, julgado, quanto mais você é você, mais genuíno. As pessoas falam que eu virei engajada. Mas eu simplesmente sou eu. A minha busca por ser autêntica, por exigir meus direitos, minha igualdade e minha própria vivência e originalidade como ser humano, isso já é uma forma de militância pessoal. Meu conselho: seja você. Você é linda do jeito que é.
Quando se reconheceu feminista?
Sempre questionei muito alguns padrões masculinos, um patriarcado bizarro. Sempre fui muito forte. Minhas amigas me chamam de general porque não tenho muita tolerância com machismo. Somos pessoas iguais. E só espero isso: nem mais, nem menos.
Você usa bastante a #empodereseudesejo. O que quer dizer com isso?
É você ter a propriedade real do seu desejo. Seja o não ter desejo – ou ter –, e do que você quiser. É você ter consciência das suas vontades. Não gostar porque a mídia manda ou porque é legal gostar daquilo ou o cara diz que tem que gostar. Você tem que ser dona do seu desejo, do seu corpo. Se gosta de sadomasoquismo, se curte chicotinho, se gosta de algodão doce, é preciso se apropriar daquilo, não ter vergonha. É realmente ter a posse, o poder do seu corpo, das suas vontades, da sua vida.
Qual a importância de um diálogo aberto sobre sexo com o José [Loretto, ator, seu marido]?
Me sinto muito tranquila de falar sobre sexo com o José. Esse diálogo melhora a nossa vida em tudo, em todos os sentidos. Eu converso sobre sexo com meu marido e minhas amigas assim como falo sobre o preço da gasolina que subiu, sobre a política no nosso país. Não tem esse tabu de “agora vamos falar de sexo, vamos falar mais baixo”. Ainda mais com ele, com quem eu pratico [risos]. E tem que conversar sobre, sim, até porque é uma brincadeira, é um jogo mútuo. Lá em casa não tem tabu.
GIRL POWER
Perguntamos à Débora as mulheres que fazem dela uma pessoa melhor
Uma mulher que inspira
“Minha mãe. A gente vive em um momento em que toda mulher precisa de muita força feminina. E a minha vem da minha mãe.”
Uma mulher para ler
Simone de Beauvoir
Uma atriz para assistir
Cate Blanchett
Uma mulher para ouvir
A si mesma
Uma mulher para rir
Minhas amigas: Cris Vianna, Monica Iozzi. Amigas-irmãs são incríveis. Tenho várias que não parecem engraçadas e que são hilárias.
Mulher para chorar junto
A Glenda, minha melhor amiga. Amiga de infância.