SÃO PAULO, 26 SET (ANSA) – Passado mais de um século, a identidade da modelo de “A Origem do Mundo”, obra pintada pelo francês Gustave Courbet em 1866, foi finalmente revelada. Por muitos anos, tudo apontava para que a mulher retratada fosse a modelo irlandesa Joanna Hifferman, amante do pintor, mas, recentemente, uma importante descoberta do escritor e estudioso Claude Schopp trouxe conclusões diferentes.
Ao estudar algumas cartas entre dois escritores da época, George Sand e Alexandre Dumas filho, Schopp descobriu que a mulher era Constance Queniaux, bailarina da Ópera de Paris. Os especialistas consideram que essa avaliação esteja certa a 99%.
“A Origem do Mundo”, conservado no Museu d’Orsey em Paris, foi exposto somente em 1991, e representa uma vulva em primeiro plano, sem mostrar o rosto da mulher.
Já em 1866, quando Courbet pintou o quadro, Queniaux não era mais bailarina, tinha 34 anos e era uma das amantes do diplomata otomano Halil ?erif Pasha, conhecido pelo nome Khalil Bey, o homem que encomendou a obra ao pintor francês. Khalil tinha o quadro em um quarto, que ficava pendurado atrás de uma tenda verde, e só quem podia ver eram os hóspedes de jantares e festas que Bey organizava em casa.
Schopp descobriu, analisando as cartas entre os escritores, que em uma delas constava um erro de transcrição. Dumas não tinha escrito “interview”, mas “intérieus”, e na frase original tinha o signficiado de “partes íntimas”. Assim, a frase original era: “uma pessoa não pode pintar nem com o pincel mais delicado e musical as partes íntimas de Madamoiselle Queniaux.
Schopp, enfim, compartilhou a sua descoberta com Sylvie Aubenas, diretora do departamento de fotografia da Biblioteca Nacional Francesa, que também ficou convencida de que a mulher retratada fosse Queniaux. Um último detalhe é que, quando morreu, em 1908, Queniaux deixou de herança uma pintura de Courbet que representa camélias. À epoca, as camélias eram associadas às cortesãs, por causa do romance de Dumas, “A senhora das Camélias”. Segundo Aubenas, o quadro era um presente de Courbet para Queniaux.
(ANSA)