Didier Deschamps tem fama de ser um homem de muita sorte na França, mas o técnico dos Bleus não contou apenas com isso para entrar para a história e se tornar o terceiro campeão da Copa do Mundo como jogador e treinador.

Após conquistar o Mundial como capitão em 1998, Deschamps assegurou a segunda estrela para a França como técnico da equipe, após vencer a Croácia por 4 a 2 na decisão no estádio Luzhniki em Moscou.

“Não vou me queixar… apesar que certamente existem outros melhores que eu”, declarou na semana passada ao ser perguntado sobre sua sorte.

“Pode-ser dizer que tem boa estrela, mas é preciso dar os méritos. Apesar de um treinador dever parte de seu sucesso à sorte, é ele que monta a equipe”, advertiu o ex-jogador da seleção, Alain Giresse, em entrevista à AFP após vitória sobre a Bélgica (1-0).

É inegável que o time agora bicampeão da Copa do Mundo leva a marca de “DD”, como o treinador é conhecido em seu país. Um time que se parece com o jogador que levantou o troféu mundial com a França, a Copa da Europa com o Olympique de Marselha e que também defendeu Juventus, Chelsea, Valencia entre outros: organizado, aguerrido, incansável, lutador e com muita ambição.

A atual França se destaca sobretudo pela capacidade de defender, a começar pelos atacantes, que não se incomodam em deixar suas posições para participarem da marcação.

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Além da sorte e dos conhecimentos futebolísticos, os jogadores franceses destacam o trato do comandante. “Sabe como falar com os jogadores e chega a dar as mensagens que quer nos transmitir”, disse Paul Pogba ma quinta-feira.

– “Líder” para os jogadores –

“Tem uma estrela, algo que poucos técnicos podem contar. Venceu com a França sendo um grande jogador, um capitão e um líder”, acrescentou um dos atuais principais jogadores dos Bleus.

Deschamps chegou ao cargo após a Eurocopa-2012, substituindo o companheiro da geração que conquistou o Mundo em 1998, Laurent Blanc.

O técnico teve o pior começo dos últimos 50 anos no comando da França, com cinco derrotas e quatro empates nos primeiros 13 jogos. Para conseguir a vaga na Copa do Mundo do Brasil-2014, precisou eliminar a Ucrânia na repescagem depois de perder por 2 a 0 no jogo de ida.

O jogo de volta foi o ponto de mudança da trajetória de Deschamps como técnico. A equipe venceu por 3 a 0 e o técnico admitiu que se salvou da demissão naquele dia.

No Brasil, a França foi eliminada pela futura campeã Alemanha nas quartas de final. Mas os Bleus conseguiram superar o vergonhoso episódio na África do Sul-2010, quando jogadores declararam greve em apoio a Nicolas Anelka, afastado do time por supostamente ter insultado o então técnico Raymond Domenech.

Em 2015, o “caso Benzema” entrou em cena, depois do jogador do Real Madrid ser acusado pela justiça francesa de ter chantageado o companheiro de seleção Mathieu Valbuena com um vídeo de conteúdo sexual.

– Fortes convicções –

Deschamps deixou Benzema fora da equipe para a Eurocopa-2016, disputada na França, e o atacante acusou o treinador de “ceder à pressão da França racista”.

Mas Deschamps manteve suas convicções, formando um time que reflete sua imagem e deixando Benzema de fora das convocações dos Bleus… pelo menos até agora.


Na Eurocopa-2016, os Bleus deixaram todo país esperançoso com o título, apesar de acabar sendo derrotado para Portugal na prorrogação da decisão. Ainda assim, Griezmann, Lloris, Pogba e companhia ganharam o coração dos franceses, assim como Deschamps.

Agora, 20 anos depois de ter levantado o título em 1998, Deschamps conseguiu dar uma segunda estrela ao seu país, com uma equipe ainda mais jovem que 2016, liderada pela grande sensação do torneio Kylian Mbappé, eleito melhor jogador jovem da competição.

Em caso de título, Deschamps se tornaria o terceiro na história a conquistar a Copa do Mundo como jogador e treinador, repetindo o feito do brasileiro Mario Lobo Zagallo e do alemão Franz Beckenbauer.

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