Na lista de prioridades do governo que assumirá a presidência da República em primeiro de janeiro do próximo ano, o emprego, ou pior, a falta dele, está entre os principais desafios. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que atualmente falta trabalho para 27,6 milhões de brasileiros – 13 milhões de desempregados, 6,4 milhões de subocupados, 8,1 de pessoas que poderiam trabalhar, mas não trabalham (grupo que inclui os desalentados) e outras 3,3 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade (por exemplo, mulheres que deixam o emprego para cuidar dos filhos).

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Os números são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de outubro. O estudo aponta também que a taxa de subutilização da força de trabalho ficou em 24,6% no 2º trimestre de 2018. O grupo de trabalhadores subutilizados reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados (menos de 40 horas semanais trabalhadas), os desalentados (gente que desistiu de procurar emprego) e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham pelos mais diversos motivos.

A surpresa do levantamento é que, apesar da queda de 0,6 ponto percentual no número de desempregados no 2º trimestre em relação ao trimestre anterior, a pesquisa do IBGE mostra que aumentou em 12,6% o número dos que trabalham menos do que gostariam, que saíram da força de trabalho por algum motivo pessoal ou familiar, ou simplesmente desistiram de procurar emprego; os chamados desalentados. Esse último grupo bateu novo recorde e atingiu 4,8 milhões de pessoas, 203 mil pessoas a mais em relação ao primeiro trimestre. Trata-se do maior contingente de desalentados da série histórica da pesquisa, que começou em 2012. Já o número de subocupados subiu para 6,5 milhões nos três primeiros meses do ano.

“A população desalentada é definida pelo IBGE como aquela que estava fora da força de trabalho porque não conseguia trabalho adequado, ou não tinha experiência ou qualificação, ou era considerado uma pessoa muito jovem ou idosa, ou não havia trabalho na localidade em que residia – e que, se tivesse oferta de trabalho, estaria disponível para assumir a vaga’, explica Jefferson Mariano, analista sócio econômico do IBGE. Para ele, o crescimento constante no número das pessoas em desalento é um problema que exigirá políticas públicas certeiras para barrar esse fenômeno.