O ex-presidente Lula irá na terça-feira (23) a Porto Alegre, um dia antes de a capital gaúcha sediar, sob um forte esquema de segurança, o julgamento de um recurso apresentado por sua defesa, que poderia complicar sua candidatura às presidenciais em outubro.

“Amanhã estou indo a Porto Alegre para agradecer a solidariedade do povo que está lá se manifestando”, anunciou Lula, presidente entre 2003 e 2010, em um ato nesta segunda (22) com sindicalistas no Instituto Lula, em São Paulo.

Desde o fim de semana, começaram a chegar à cidade ônibus com seguidores do líder da esquerda e nesta segunda, membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) realizaram uma marcha de 8 km e montaram um grande acampamento na cidade.

Na manhã de terça-feira está previsto um ato das mulheres a favor de Lula, no qual se espera a presença de Dilma Rousseff (2011-2016) e da ex-presidente argentina Cristina Fernández.

O julgamento de Lula gera grande expectativa de temores de enfrentamentos. O governo do Rio Grande do Sul anunciou um dispositivo especial de segurança com o apoio de embarcações e helicópteros da Brigada Militar em torno do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), próximo às margens do rio Guaíba, que terá seu perímetro terrestre, aéreo e naval bloqueado.

O prefeito de Porto Alegre chegou a pedir o apoio do Exército, tendo em vista que grupos de direita também preveem protestos contra Lula no mesmo dia.

O ex-presidente, na liderança de todas as pesquisas para as eleições presidenciais de outubro, deve acompanhar o julgamento de São Paulo.

“Estou muito tranquilo. Quero que vocês saibam que estou muito tranquilo, estou magoado porque eles não têm direito de contar essa quantidade de mentiras!”, afirmou Lula.

O ex-presidente disse que, embora “não haja provas” contra ele, certamente não será nem a primeira, nem a última “vítima” dos juízes brasileiros.

“Vou tranquilamente aguardar o resultado. Eu vou recorrer qualquer que seja o resultado. Eu vou recorrer”, antecipou, anunciando em 27 de fevereiro começará uma caravana de pré-campanha pelo sul do Brasil.

Lula, o presidente mais popular da história moderna do Brasil, de 72 anos, foi condenado em julho a nove anos e meio de prisão como beneficiário de um apartamento no Guarujá, litoral de São Paulo, ofertado pela empreiteira OAS em troca de contratos com a Petrobras.

A corte de apelações de Porto Alegre decidirá se ratifica a sentença, que pode aproximar o ícone da esquerda da prisão, e a uma invalidação de sua eventual candidatura. No entanto, a princípio ele poderá continuar livre e fazer campanha até esgotar os recursos em instâncias penais e eleitorais.