VATICANO, 22 JUN (ANSA) – O arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, desafeto do papa Francisco e expoente do clero ultraconservador, foi convocado ao Vaticano para responder a uma acusação de cisma na Igreja Católica.   

Viganò foi intimado a comparecer no Dicastério para a Doutrina da Fé, herdeiro da antiga Santa Inquisição, em 28 de junho e arrisca até ser excomungado por ter renegado publicamente a legitimidade do Papa. O arcebispo, no entanto, emitiu um comunicado no qual afirma que não aceita a convocação.   

“Não tenho qualquer intenção de me submeter a uma farsa na qual aqueles que deveriam me julgar de forma imparcial para defender a ortodoxia católica são aqueles que eu acuso de heresia, traição e abuso de poder”, diz a nota.   

Viganò ainda acrescenta que sente “orgulho” por ser acusado.   

“A Igreja de Bergoglio não é a Igreja Católica. Se é por essa Igreja que sou acusado de cisma, então é um motivo de honra”, salienta.   

Já o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, disse que Viganò teve “posturas sobre as quais deve responder”. “Eu lamento muito, sempre o apreciei como um trabalhador muito fiel à Santa Sé, mas não sei o que aconteceu”, ressaltou.   

Recentemente, Viganò, ex-núncio apostólico em Washington, acusou Francisco de ser um “usurpador” e “servo de Satanás” por causa da permissão para bênçãos a casais homoafetivos. Além disso, o arcebispo já foi repreendido pelo Vaticano por espalhar notícias falsas sobre a pandemia de Covid-19.   

Apelidado de “exterminador de papas”, ele trabalhou mais de 10 anos na Cúria Romana e foi afastado da secretaria do Governatorato da cidade-Estado do Vaticano em 2011, após cultivar desavenças na Igreja. Também é um dos pivôs do escândalo “Vatileaks”, que vazou documentos sigilosos do pontificado de Bento XVI e culminaria na renúncia de Joseph Ratzinger, em 2013.   

Em 2016, o arcebispo italiano foi removido por Francisco da Nunciatura Apostólica em Washington e forçado a se aposentar.   

Em seus anos nos EUA, Viganò estreitou laços com o clero ultraconservador americano, que, no entanto, se calou sobre a acusação de cisma. Por outro lado, o ator Jim Caviezel, que interpretou Jesus no filme “A paixão de Cristo”, de Mel Gibson, pediu “orações” por Viganò, um “cruzado em defesa da verdade”.   

(ANSA).