Em Milão, o dérbi é um jogo que “muda uma temporada”, explica à AFP o zagueiro francês Pierre Kalulu, do Milan, antes de sua equipe enfrentar a Inter de Milão na próxima quarta-feira em San Siro, no jogo de ida das semifinais da Liga dos Campeões da Europa.

Pergunta: É decepcionante não ir jogar na Inglaterra ou na Espanha as semifinais da Champions e ter que jogar contra um time da sua cidade?

Resposta: “Nas quartas (contra o Napoli) foi mais triste não jogar contra uma equipe não italiana, mas neste nível, nas semifinais, não se pode escolher. É um clássico e será incrível. As pessoas falam disso o tempo todo”.

P: Você foi revelado no Lyon e joga no Milan desde 2020. O que este clássico representa?

R: “Para mim é como Lyon-Saint Etienne ou Olympique-PSG, mas multiplicado por dois. A atmosfera no estádio é enorme e há muitas coisas ao redor. Aqui todo mundo é torcedor, seja homem ou mulher, e escolheu um lado. Existe uma pressão no dia a dia. No início, quando você chega, isso te afeta menos porque não você não cresceu aqui. Mas depois de um tempo, você já sente. Sente que é o maior jogo, que muda uma temporada, diretamente. Pode salvar uma temporada ou matar uma parte da temporada, tanto para eles (Inter) como para nós. Isso deixa tudo mais bonito. Tem essa pegada, você volta a ser um garoto que marca um gol no pátio da escola. E tudo isso na Liga dos Campeões, nem me atrevo a pensar como pode ser”.

P: A Inter chega mais confiante por ter vencido os últimos clássicos, na Supercopa da Itália (3 a 0) em janeiro e no Campeonato Italiano (1 a 0) em fevereiro?

R: “Era um momento no qual tínhamos mais dificuldades, era mais fácil para eles nos vencerem, não estávamos no nosso nível. Mas sabemos do que somos capazes nesta competição. Na Liga dos Campeões é tudo diferente”.

P: O Milan tem sete títulos na Champions. Ganhar o oitavo é o objetivo?

R: “A história de um clube conta muito. Se estivéssemos em um clube normal, com esta semifinal estariam dizendo que está tudo bem. Mas aqui, com o peso da história, pelo nível do clube e dos torcedores, todo mundo pensa em ganhar. Depois de ter vencido Tottenham e Napoli, dissemos a nós mesmos que temos que ir o mais alto possível”.

P: Aos 22 anos, como você vê a sua evolução, com uma concorrência cada vez maior, com o retorno principalmente de Simon Kjaer?

R: “É uma temporada na qual joguei muito, depois me lesionei (na panturrilha) durante a data Fifa (em março, com a seleção Sub-21 da França) e isso significou uma pequena pausa. Estes são os primeiros dias que não tenho dores. Estou bem, no momento certo. Cabe a mim dar tudo para recuperar minha posição, mas a concorrência é normal no futebol. A cada desfalque, outro jogador está pronto, mas isso faz todos evoluírem e deixa a equipe mais forte”.

P: Algumas vezes você foi comparado com Lilian Thuram, que foi lateral-direito antes de se tornar zagueiro. Você está acostumado às duas posições, tem preferência por alguma?

R: “No Milan eu jogo muito como zagueiro. Na seleção (francesa Sub-21), o treinador (Sylvain) Ripoll prefere me escalar como lateral. Para mim, isso permite evoluir nas duas posições, estar preparado para qualquer eventualidade. Sendo sincero, o que faz você amar uma posição tem mais a ver com quem você joga”.

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