Deputados pedem desculpas nas redes sociais após aprovação da PEC da Blindagem

Medo de retaliação e alternativa para barrar anistia foram justificativas usadas por parlamentares para minimizar desgaste após votos favoráveis; texto foi aprovado na Câmara, mas será barrado no Senado

Deputados pedem desculpas nas redes sociais após aprovação da PEC da Blindagem

Após o voto favorável à PEC da Blindagem, deputados federais foram às redes sociais para pedir perdão aos eleitores e apontar arrependimentos nos votos. Ao menos três deputados adotaram a estratégia para minimizar o desgaste após a aprovação do texto na Câmara dos Deputados.

O projeto recupera um artigo da Constituição de 1988 que blinda parlamentares e presidentes de partidos de investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Polícia Federal. Para abrir um inquérito, seria necessário o aval do Congresso Nacional.

Um dos que votaram favoráveis foi o deputado federal Pedro Campos (PSB-PE). Nas redes sociais, o parlamentar afirmou estar arrependido e tentou justificar o voto favorável condicionado à tentativa de barrar o PL da Anistia, além de impedir o boicote à reforma do Imposto de Renda.

“A PEC passou do jeito que nós não queríamos, inclusive com a manobra para voltar o voto secreto que nós já tínhamos derrubado em votação”, declarou.

Após a repercussão, Campos entrou com um mandado de segurança no STF – assinado também pelo PSOL – para anular a votação. Ainda não há relator para a ação.

A mesma justificativa foi usada pelo deputado Merlong Solano (PT-PI). Em nota nas redes sociais, o parlamentar disse ter cometido um “grande equívoco” ao votar pela PEC.

“Meu objetivo era ajudar a impedir o avanço da anistia e viabilizar a votação de pautas importantes para o povo brasileiro, como a isenção do Imposto de Renda, a MP do Gás do Povo, a taxação das casas de apostas e dos super-ricos, além do Plano Nacional de Educação”, afirmou o parlamentar.

A estratégia não funcionou. No dia seguinte, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência no PL da Anistia, que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão por participação na trama golpista. O texto será relatado pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que já prometeu desidratar o texto e focar na redução das penas. O perdão e pena e a elegibilidade de Bolsonaro estão descartadas.

A deputada Sylvie Alves (União Brasil-GO) também foi às redes sociais pedir desculpas pelo voto ao projeto que protege parlamentares. Ela atrelou seu voto à pressão que teria sofrido de colegas do Centrão.

“Comecei a receber muitas ligações de pessoas influentes do Congresso, se é que vocês me entendem. Ligaram dizendo que, com a votação contra, eu sofreria retaliações. Eu fui covarde e cedi à pressão, por volta de quase 23h, eu mudei meu voto. Eu quero pedir perdão”, declarou.

Na quinta-feira, 18, a Silvye anunciou sua saída do União Brasil, partido que deixou a base do governo Lula e votou maciçamente à favor da PEC da Blindagem. A desfiliação está prevista apenas para o próximo ano, quando abre a janela de partidária.