06/11/2024 - 15:32
A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos causou alvoroço em políticos ligados a Jair Bolsonaro (PL), que se diz amigo do republicano e vê o resultado servir de insumo para seu próprio caminho de volta ao Palácio do Planalto, daqui a dois anos.
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Em seu perfil no X (antigo Twitter), o ex-presidente afirmou que a volta à Casa Branca permitirá que Trump “complete sua missão” e reacendeu “a chama da liberdade, da soberania e da autêntica democracia”.
“Que a vitória de Trump inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho“, enfatizou Bolsonaro, que está inelegível, mas afirma reiteradas vezes ser o candidato da direita à Presidência em 2026, em eventual embate contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou um representante de seu grupo político.
Tradução:
– Hoje, testemunhamos o ressurgimento de um verdadeiro guerreiro. Um homem que, mesmo após enfrentar um processo eleitoral brutal em 2020 e uma injustificável perseguição judicial, ergueu-se novamente, como poucos na história foram capazes de fazer.
– Contra tudo e…
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 6, 2024
Tropa em êxtase
As mensagens são claras e não disfarçam o objetivo de explorar a eleição americana como uma espécie de “prenúncio” do regresso da direita radical ao poder no Brasil. Fiéis ao ex-presidente, parlamentares embarcaram na onda e confiaram no desempenho de Trump para acompanhar a apuração dos EUA.
Filho “03” de Jair, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) viu a apuração na casa do republicano — em Mar-a-Lago, na Florida — e escreveu que o aliado voltou para “onde nunca deveria ter saído”.
Ex-ministro do Turismo e candidato derrotado do bolsonarismo à prefeitura do Recife, Gilson Machado (PL-PE) chegou a arriscar passos de dança, também na Florida, ao som de “Y. M. C. A.”, canção do Village People que embalou comícios do republicano na campanha eleitoral.
Será que tem choro hoje? pic.twitter.com/fllQG6I1rN
— Gilson Machado Neto (@gilsonmachadont) November 5, 2024
Os deputados Bia Kicis (PL-DF), Mayra Pinheiro (PL-CE), Rodrigo Valadares (União-SE) e o senador Carlos Portinho (PL-RJ) também celebraram os resultados em solo americano, para onde foram a convite do partido Republicano. Na viagem, se encontraram com congressistas americanos eleitos na esteira de Trump, fortalecendo a ideia de uma “integração global” da direita radical.
Em um exemplo inusitado, o deputado estadual Carmelo Neto (PL-CE), cuja atuação parlamentar não esbarra na política internacional, também acompanhou a apuração “in loco”. Presidente estadual do partido de Bolsonaro no Ceará, Neto usava um boné com o lema de Trump e não se furtou a prever, após o resultado: “Em 2026, será a vez do presidente Bolsonaro”.
🇺🇸 Na apuração da votação antecipada, Trump tem larga vantagem no Arizona, estado pêndulo, e votação histórica na Flórida.
Compartilhe com seu amigo no Brasil. Go Trump! Go Bolsonaro! pic.twitter.com/m6FEUVuSnU
— Carmelo Neto (@carmelonetobr) November 5, 2024
Governadores de oposição
Menos sonoros pela natureza do cargo, governadores que dividem o campo ideológico com Bolsonaro também capitalizaram com a vitória de Trump.
Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, classificou o resultado como um triunfo “do conservadorismo, do patriotismo, da prosperidade e da liberdade”. Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, destacou a derrota da democrata Kamala Harris como um sinal da “insatisfação com os governos de esquerda”.
Do Paraná, Ratinho Júnior (PSD) afirmou que a “maior democracia do mundo deu sinal verde” a Trump, enquanto Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, desejou que a eleição americana “inspire, em todo o mundo, o sentimento de patriotismo, liberdade e os valores que fazem uma grande nação”.
Em comum, Tarcísio, Zema e Ratinho são citados como potenciais presidenciáveis da direita em 2026, caso a inelegibilidade de Bolsonaro não seja revertida na Justiça Eleitoral.