Um grupo de deputados de esquerda apresentou uma acusação constitucional nesta terça-feira (19) no Congresso contra o presidente chileno, Sebastián Piñera, por suposta responsabilidade em violações dos direitos humanos que teriam sido cometidas por agentes do Estado em meio à crise que abalou o país.

A acusação questiona o presidente conservador pelas “violações graves e sistemáticas dos direitos humanos cometidas por agentes do Estado no último mês”, disse a deputada Carmen Hertz, do Partido Comunista que patrocinou a ação, apoiada por legisladores de outros sete partidos do país e organizações de esquerda e de direitos humanos.

“É muito importante dizer ao Chile que isso não tem chance de prosperar”, disse o deputado governista Javier Macaya, que explicou que a acusação não terá os votos necessários para ser aprovada.

Piñera decretou estado de emergência e toque de recolher quando a crise eclodiu em 18 de outubro, mobilizando militares para apoiar a polícia nos primeiros dias de protestos.

Após um mês de convulsão social – a pior em três décadas no Chile – foram registrados 22 mortos, milhares de feridos e mais de 200 pessoas com ferimentos graves nos olhos por disparos efetuados por policiais, que tampouco pouparam no uso de bombas de gás lacrimogênio nas manifestações em Santiago e outras cidades.

“Hoje, o presidente Piñera perdeu absolutamente toda a governança. Queremos dizer basta para todas as violações dos direitos humanos”, disse Carolina Marzán, do Partido para a Democracia (PPD).

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Há duas semanas, no meio da crise, um tribunal chileno admitiu outro processo movido por organizações de direitos humanos contra o presidente por sua responsabilidade pelos supostos crimes contra a humanidade ocorridos durante os protestos.

O congresso também debate outra acusação constitucional contra o ex-chefe de gabinete e primo de Piñera, Andrés Chadwick, também por seu papel nas supostas violações dos direitos humanos.


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