Os parlamentares britânicos voltaram ao trabalho no Parlamento nesta terça-feira (21) após o recesso da Páscoa, mas boa parte do trabalho será feito por videoconferência devido à pandemia de coronavírus, cuja gestão gera críticas crescentes ao primeiro-ministro Boris Johnson.

A Câmara dos Comuns retomou suas sessões em uma situação radicalmente diferente daquela de 25 de março.

As medidas de distanciamento significam que apenas 50 dos 650 deputados podem estar presentes, separados por linhas marcadas com fita adesiva. Outros devem participar de suas casas por videoconferência, a primeira em um Parlamento de 700 anos.

“Estes são tempos difíceis, eles representam um desafio e as mudanças necessárias estão ocorrendo a uma taxa que não seria ideal em tempos normais”, disse o ministro das Relações com o Parlamento, Jacob Rees-Mogg, na abertura da sessão.

Os parlamentares que compareceram fisicamente no Palácio de Westminster tiveram que aprovar formalmente a mudança para o sistema “híbrido” para que outros pudessem se juntar a eles na quarta-feira por vídeo.

No entanto, apenas 120 poderão participar da videoconferência ao mesmo tempo. Além disso, ainda não foi estabelecido um método para permitir o voto online.

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“Espero apresentar mais moções em breve, para que possamos estender nossa maneira virtual de trabalhar por um período mais longo e para questões mais relevantes, incluindo legislação”, disse Rees-Mogg.

– Situação radicalmente diferente –

Muitas coisas mudaram desde a última sessão parlamentar. Johnson ficou doente com a COVID-19 e teve que ser hospitalizado em terapia intensiva.

Ele recebeu alta na semana passada, mas ainda está se recuperando na residência de campo de Chequers e é substituído por seu ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab.

Nessa época, também a oposição trabalhista escolheu um novo líder, o moderado Keir Starmer, para substituir o radical Jeremy Corbyn. E o número de mortos pela COVID-19 nos hospitais britânicos aumentou de menos de 500 para mais de 17.300 nesta terça-feira.

A estes, deve-se acrescentar mortes em residências, asilos e outros centros, os quais, de acordo com dados do Escritório Nacional de Estatística (ONS), representam mais de 15% do total.

O confinamento, decretado em 23 de março, foi prolongado na última quinta-feira por pelo menos três semanas.

– Críticas ao governo –

Johnson “não está formalmente trabalhando no governo”, disse seu porta-voz na terça-feira.

No entanto, ele recebe relatórios sobre o gerenciamento da crise e falou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Eles concordaram com a importância de uma resposta internacional coordenada ao coronavírus, inclusive através do G7 que os Estados Unidos atualmente presidem”, informou Londres.


Além disso, durante a semana “ele deve ter uma audiência por telefone com a rainha e será a primeira em três semanas”, acrescentou.

Não se sabe no momento em que Johnson voltará ao trabalho, mas seu governo é alvo de críticas crescentes da imprensa que agora serão retomadas pelos deputados.

Eles o repreendem pelo “tempo perdido” ao decidir a estratégia a adotar contra a pandemia – e por optar pelo confinamento tarde demais – mas também por suas promessas não cumpridas sobre o número de exames diários e equipamentos de proteção para o pessoal médico que chega a conta-gotas.

Sobre este último ponto, o ministro da Saúde, Matt Hancock, defendeu-se na entrevista coletiva diária sobre a crise: “Temos uma gama diversificada de fornecedores e trabalhamos dia e noite para expandir essa base de suprimentos”.

O Partido Conservador também é criticado pelas políticas de austeridade dos últimos anos, que dizimaram o Serviço Nacional de Saúde (NHS).

“Temos que garantir que haja controle do governo, não podemos deixar a mídia desempenhar esse papel sozinha”, disse Lyndsay Hoyle, presidente da Câmara dos Comuns, através da BBC.

“É uma crise importante e os deputados têm um papel a desempenhar”, acrescentou.


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