Delator de um esquema de corrupção na compra de vacinas, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) pediu nesta quinta-feira, 1º, ao presidente da CPI, senador Omar Aziz, a prisão de Luiz Paulo Dominguetti Pereira após o término da sessão. “Querem me calar”, afirmou Miranda a ISTOÉ.

Dominguetti foi convocado para depor na sessão desta quinta da CPI, após conceder entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, na qual disse que o governo Bolsonaro cobrou US$ 1 de propina por doses vendidas da vacina AstraZeneca.

No depoimento, Dominguetti, que diz ser representante comercial da Davati Medical Supply, apresentou um áudio em que acusou Miranda de se oferecer para intermediar compra de vacinas no Ministério da Saúde. O aúdio, porém, é falso. Miranda foi a um cartório em Brasília e pediu para que toda a conversa da gravação fosse transcrita. O áudio data de 2020 e dizia respeito a uma eventual compra de luvas. ISTOÉ teve acesso ao documento que mostra uma conversa entre Miranda e um contato do parlamentar salvo em seu celular com o nome “Rafael Alves Luvas”.

Dominguetti afirmou aos senadores ter recebido a gravação de um terceiro. A CPI mandou apreender o celular do suposto representante da Davati, que é um policial militar em Minas Gerais. O depoimento de Dominguetti gerou reações de senadores da CPI para os quais ele foi “plantado” na comissão para favorecer o presidente Bolsonaro e desqualificar o depoimento do deputado Luis Miranda. O deputado, juntamente com seu irmão Luis Ricardo Miranda, foi o autor da denúncia mostrando que avisou o presidente sobre irregularidades na compra da vacina Covaxin, com a participação do deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara.