Recém-eleito presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, o deputado Rogério Correia (PT-MG) revelou à IstoÉ a intenção de convidar o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, à Casa para debater a decisão de elevar a taxa de juros a 14,25% ao ano, maior patamar desde 2016.
“É necessário iniciar a reversão da alta e baixar a taxa, para não inibir o crescimento [econômico do país]“, acrescentou o parlamentar.
+Com Selic em 14,25%, como ficam os rendimentos da poupança, Tesouro Direto e CDB?
Anunciada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na quarta-feira, 19, a elevação da Selic foi decidida por uma maioria de integrantes indicados pelo presidente Lula (PT), incluindo o próprio Galípolo. Esse mesmo conjunto já havia elevado a taxa em um ponto percentual, a 13,25%, em janeiro de 2025.
A manifestação faz de Correia um dos raros petistas a criticar decisões do grupo atual. As críticas aos anúncios do Copom eram uma tendência no partido até o início do ano, quando Roberto Campos Neto encerrou seu mandato à frente da autarquia — ele foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Durante 2024, Lula afirmou que “não era correto” ter de governar o país com um presidente do BC escolhido pelo antecessor. Atual ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann chamou de “terrorismo econômico” a política monetária da gestão. Na época das críticas, a Selic estava em 10,5% e 11,25%, respectivamente. Nenhum dos dois se manifestou sobre a nova elevação.
Líder da bancada do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ) culpou Campos Neto pelo aumento. “Entendemos que a decisão de dezembro, tomada por Roberto Campos Neto, já deixou pré-fixados dois aumentos de 1% na Selic”, publicou em seu perfil no X (antigo Twitter).
Essa política monetária é um equívoco com impactos nefastos para a economia brasileira e também para a questão fiscal no nosso país.
Cada 1% a mais na taxa básica de juros, temos um aumento de gastos com juros da dívida de algo em torno de R$ 50 bilhões. O mercado defende…
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) March 19, 2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também responsabilizou o ex-presidente do BC. “O novo presidente, com os novos diretores, eles têm aí uma herança a administrar, mais ou menos como eu tive uma herança a administrar em relação ao Paulo Guedes, ex-ministro da Economia”, afirmou.