BRASÍLIA, 3 MAR (ANSA) – A deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP) criticou a recente visita ao Brasil do enviado especial para o Clima dos Estados Unidos, John Kerry, classificando como uma “afronta à soberania nacional” e uma “falta de consideração com os povos da Amazônia”.
A declaração foi dada pela bolsonarista à ANSA após Kerry passar por Brasília nos últimos dias para discutir planos de combate ao desmatamento e apoio ao povo indígena Yanomani, afetado por uma crise sanitária e humanitária, com representantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
“Acho que ele [Kerry] é uma ameaça [à soberania], enquanto nós que representamos o povo [da Amazônia] não somos ouvidos, ele só tem escutado aqueles que favorecem seus interesses”, justificou Waiãpi.
Segundo a deputada eleita pelo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, “quem tem que opinar sobre a Amazônia brasileira são as Forças Armadas, o povo do norte do Brasil e o Parlamento que foi eleito para defender seus interesses”.
“Se eu tivesse conhecido Kerry, eu teria dito a ele que eles [EUA] se preocupam em manter nosso povo no controle da opinião estrangeira. Eles protegem uma árvore, mas não se importam em proteger meninas que se prostituem na rua por um punhado de arroz. Estão transformando o Brasil em um país que defende o direito a uma árvore, mas não defende as meninas da Amazônia”, acrescentou a parlamentar amazonense do estado do Amapá, no norte do Brasil.
Durante encontro com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o enviado norte-americano prometeu uma contribuição em dinheiro dos Estados Unidos para o Fundo Amazônia, por meio do qual são financiados projetos de desenvolvimento sustentável geridos pelo governo brasileiro, municípios e ONGs.
Em entrevista à ANSA, Waiãpi não escondeu suas reservas sobre o Fundo, criado em 2008 e que parou de funcionar entre 2019 e 2022, durante o governo Bolsonaro.
“O Fundo Amazônia pode conspirar contra os interesses brasileiros. É preciso monitorar o dinheiro e rastrear para que serve, porque nenhuma dessas ONGs, que recebem dinheiro, depois prestam contas do seu trabalho”, concluiu a ex-militar, que em 2011 tornou-se a primeira mulher indígena a ingressar no Exército Brasileiro. (ANSA).