Sthefany Brito, de 38 anos. se abriu pela primeira vez sobre a experiência com depressão pós-parto e os desafios que enfrentou após o nascimento do filho Antônio Enrico, em novembro de 2020. A atriz revelou que, mesmo realizando o sonho de ser mãe, passou por momentos de intensa tristeza: “Me vi chorando sem parar”, contou.
Ela explicou que a tristeza começou ainda durante a gravidez e se intensificou com o “baby blues” logo após o parto. “Foi uma mistura de sentimentos… Voltar para casa, ficar confinada, descobrindo esse universo novo e maluco. Foi muito confuso”, comentou a atriz, que deu à luz durante a pandemia de covid-19.
O desabafo aconteceu em entrevista inédita para Geovanna Tominaga, no episódio de estreia do podcast Conversas Maternas, que estreou no YouTube.
Sthefany relatou que o choque entre a expectativa de ser mãe e a realidade das mudanças emocionais trouxe sensações inesperadas. “Sempre me achei uma pessoa prática. Mas me vi triste, chorando o dia todo, e pensei: ‘O que está acontecendo? Eu não sou assim’. Pela primeira vez, percebi que precisava respirar e sentir. Fiz muita terapia”, disse.
Ela enfatizou que o amor pelo filho nunca faltou, mas que a tristeza parecia contrariar o momento especial. “Era o maior sonho da minha vida, meu papel mais importante. E mesmo assim, me vi chorando sem parar. Foi um turbilhão de sentimentos, hormônios e pandemia… Felizmente, consegui lidar e busquei ajuda”, completou.
Além de Antônio Enrico, que hoje tem quatro anos, Sthefany é mãe de Vicenzo, nascido em setembro de 2024, ambos filhos do relacionamento com Igor Raschkovsky.
Depressão pós-parto
A depressão pós-parto é uma condição clínica, um subtipo da depressão, e tão cruel quanto qualquer outra forma da doença. O que a diferencia é justamente o momento em que se manifesta: após o nascimento da criança, muitas vezes em mulheres que tiveram uma gestação tranquila, sem histórico familiar de transtornos mentais, que se consideram realizadas pessoal e profissionalmente. Isso gera estranhamento, pois não há um “pré-requisito” aparente.
O psicólogo Alexander Bez explicou à reportagem de IstoÉ Gente que “o nascimento de um bebê é um evento profundamente emocional e transformador, e as intensas alterações hormonais podem provocar desequilíbrios na química cerebral, desencadeando sintomas como tristeza persistente, solidão, culpa, alterações de sono e alimentação, irritabilidade e, em alguns casos, até sentimentos de rejeição em relação ao bebê”.
É importante destacar a diferença em relação ao chamado baby blues, que costuma atingir de 15% a 18% das mulheres e desaparece em poucos dias ou semanas. Já a depressão pós-parto pode acometer de 20% a 25% das mães, segundo dados dos Estados Unidos, e tende a durar até um ano, exigindo acompanhamento contínuo.
O tratamento envolve psicoterapia e, em grande parte dos casos, o uso de antidepressivos e ansiolíticos, já que a depressão é essencialmente uma doença do humor. O processo de recuperação é lento, pois o cérebro precisa de tempo para reequilibrar sua química, e esse acompanhamento pode se estender por mais de um ano.
Bez reforça que “o fato de uma mulher ter desenvolvido depressão pós-parto não garante que estará livre dela em uma próxima gestação, já que alterações hormonais podem novamente desencadear o quadro. Além disso, quando não tratada, a doença representa riscos não apenas para a mãe, mas também para o bebê, podendo comprometer a capacidade de cuidado”. Segundo o especialista, reconhecer a condição como uma doença séria é fundamental para um acolhimento adequado e tratamento responsável.