A chegada de um bebê é um dos momentos de maior mudança na vida de uma mulher, independentemente de ter ou não planejado a gravidez. Naturalmente, essa é uma fase de grandes alterações hormonais, que refletem no físico e emocional.

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Um artigo escrito pelo médico Drauzio Varella em 2019, destaca que “10% a 15% das mulheres que dão à luz caem numa tristeza que não tem fim, sem entender o que se passa, nem identificar a causa de tanta infelicidade”. Segundo informações da revista “Women’s Health”, essa condição se trata da depressão perinatal, que aparece desde a gravidez, normalmente no último trimestre, e pode se estender até o bebê completar um ano.

Sintomas

A depressão perinatal dá sinais. Para a “Women’s Health”, o psicólogo Chris Barnes listou os sintomas mais comuns: baixo-astral, oscilações de humor, infelicidade, tristeza, raiva, vergonha, culpa, falta de concentração, preocupação excessiva, isolamento social, distúrbios do sono, anorexia ou compulsão alimentar, enjoos, sudorese e até ataques de pânico. “Os sintomas mais sérios podem incluir pensamentos sobre machucar o bebê ou a si própria”, disse.

Diferente do baby blues

Diferente da depressão perinatal, o baby blues é uma tristeza transitória que ocorre cerca de três a dez dias após o parto devido às mudanças nos níveis hormonais, e pode durar em torno de duas a três semanas. Os sintomas incluem tristeza e ansiedade, e costumam amenizar após uma boa noite de sono ou após se alimentar.

“É difícil diferenciar no início, especialmente quando é o primeiro bebê e é por isso que muitas mulheres sofrem em silêncio. Elas supõem ser normal se sentir assim e ficam envergonhadas ou há um estigma associado ao diagnóstico clínico”, explicou  Barnes. Ele ressaltou ainda que falar sobre os sentimentos com alguém próximo e, principalmente, com o obstetra ou ginecologista é essencial para que qualquer problema que comprometa a saúde mental seja identificado e tratado adequadamente.

Predisposição

Segundo o psicólogo, se você tem um histórico de depressão, ansiedade ou trauma, é mais provável que desenvolva depressão perinatal. Além disso, se já sofreu dessa condição em uma gravidez anterior, também há maior chance de que isso ocorra em outras gestações. 

Outros fatores que podem predispor a mulher, de acordo com Barnes, são: ter um bebê com problemas de saúde ou necessidades especiais, dificuldade para amamentar e enfrentar problemas no relacionamento. 

No artigo de Drauzio Varella, o médico destacou que o aumento do risco também está relacionado à fatores sociodemográficos, como violência doméstica, dificuldades financeiras, gravidez não planejada ou indesejada, falta de apoio familiar e social.

Tratamento

Conversar com o médico é o primeiro passado. O profissional poderá identificar sua condição e te encaminhar para um psicólogo. Somente a ajuda profissional te guiará pelo tratamento adequado, que pode incluir novos hábitos na rotina ou até mesmo medicação, conforme suas especifidades.

*Caso apresente algum destes sinais ou conheça alguém que precise de ajuda, consulte um psiquiatra, um psicólogo ou ligue 188.