No mundo dos holofotes, onde sucesso e reconhecimento andam lado a lado com exigências extremas, muitos famosos enfrentam uma realidade pouco visível: a pressão constante do trabalho pode desencadear problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade. Apesar do glamour, a rotina intensa de gravações, compromissos e expectativas públicas cobra um preço emocional elevado, mostrando que ninguém está imune aos desafios psicológicos, independentemente da fama.
Em uma entrevista, a atriz Juliana Paes revelou que passou por um período de depressão e ansiedade e precisou de tratamento para recuperar o equilíbrio emocional. Hoje, aos 46 anos, ela já não faz uso de medicação contínua, mas mantém a terapia como parte fundamental de sua rotina de autocuidado.
“Meu processo de adoecimento mental veio de muito antes e a pandemia potencializou esse quadro. Eu estava vivendo um quadro de depressão, cansada, com uma carga mental pesada, dando conta de muita coisa ao mesmo tempo”, contou Juliana em entrevista à revista Quem.
Para a psicóloga Denise Milk, situações como essa são um alerta para todos. Em declarações à reportagem de IstoÉ Gente, ela explica: “Quando assumimos muitas responsabilidades ao mesmo tempo, o nosso corpo entra em estado de alerta permanente. O cérebro libera hormônios de estresse, como o cortisol, e isso afeta tanto a mente quanto o físico. O resultado comumente aparece em insônia, tensão, dificuldade de se concentrar, esquecimentos e até sintomas emocionais como irritabilidade ou sensação de incapacidade. É como se vivêssemos sempre em modo de emergência. E isso não é sustentável.”
Ela acrescenta que esse padrão pode se transformar em um ciclo perigoso. “A ansiedade surge quando ficamos antecipando os riscos, prazos e falhas. Já a depressão aparece quando, mesmo fazendo muito, sentimos que não demos conta. Isso mina a autoestima, drena a energia e gera a sensação de impotência”, alerta.
A psicóloga também chama atenção para os sinais de que a saúde mental precisa de atenção. “Alterações no sono, esquecimentos, crise de choro, irritabilidade, perda de prazer naquilo que antes trazia alegria, isolamento social, taquicardia, dores físicas. Esses são recados claros de que a mente e o corpo estão pedindo cuidado. Eu sempre sinalizo para as pessoas que eu acompanho que quando a gente tem alterações em sono, humor ou apetite, a gente já tem uns chamados do nosso corpo para que a gente reveja algumas condutas. O desequilíbrio já está posto. A hora de buscar ajuda profissional é justamente quando esses sinais começam a se evidenciar. Antes de que a pessoa realmente adoeça, é o mais adequado”, orienta.
Segundo Denise, quando os sintomas se prolongam por semanas, é hora de agir. “As pessoas não descansam, normalmente dormem, acordam e não conseguem se sentir dispostas. Quando o trabalho ou as relações interpessoais começam a ficar comprometidas, quando surgem pensamentos de inutilidade, de desistência. Pedir ajuda é um ato de inteligência emocional e não de fraqueza. A conta é: eu mais me sinto bem ou me sinto mal? Quando eu começo a mais me sentir mal com frequência em relação ao tempo que eu me sinto bem, tem coisa errada aí e é hora de procurar suporte”, completa.
Para ela, a terapia é uma das principais ferramentas de prevenção e tratamento. “A terapia é um espaço de pausa e elaboração. É onde a gente consegue organizar as emoções, colocar limites, criar estratégias de enfrentamento e resgatar a sensação de protagonismo sobre a própria vida. Ela não só trata, como previne que a sobrecarga se transforme em transtornos mais graves. É o caminho para viver e liderar de forma mais leve, feliz e saudável a própria vida. É o momento de parar e pensar esse negócio vida e fazer dele algo bem sucedido”, conclui Denise.