Transtorno mental grave, a depressão tem prevalência em torno de 15,5% ao longo da vida no Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde. Nem mesmo pessoas famosas escapam dessa realidade, como é caso da top model brasileira Gisele Bündchen, que revelou ter recebido o diagnóstico de depressão quando tinha 22 anos.

Anne Crunfli, psicóloga especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, explica que a depressão é uma psicopatologia associada ao transtorno do humor. “Há variações em sua categoria: leve, moderada e grave – classificado como transtorno depressivo maior. Há, ainda, a Distimia, considerada uma depressão de longa duração com sintomas leves e constantes.”

A profissional complementa que, como toda psicopatologia, não pode ser apontada uma única causa, pois trata-se de uma questão multifatorial, associada a fatores genéticos, ambientais, psicológicos e biológicos. 

Como identificar a depressão

Atentar-se aos sintomas é essencial. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG – Residência Terapêutica, esclarece que “não existe regra para o início e evolução dos sintomas”, que podem ser isolados ou em conjunto. Por isso, é importante saber reconhecer quaisquer sinais, que segundo o Ministério da Saúde são:

  • Humor depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia;
  • Desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as coisas;
  • Diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis;
  • Desinteresse, falta de motivação e apatia;
  • Falta de vontade e indecisão;
  • Sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero, desamparo e vazio;
  • Pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso, doença ou morte. A pessoa pode desejar morrer, planejar uma forma de morrer ou tentar suicídio;
  • Interpretação distorcida e negativa da realidade: tudo visto sob a ótica depressiva, um tom “cinzento” para si, os outros e seu mundo;
  • Dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento;
  • Diminuição do desempenho sexual (pode até manter atividade sexual, mas sem a conotação prazerosa habitual) e da libido;
  • Perda ou aumento do apetite e do peso;
  • Insônia (dificuldade de conciliar o sono, múltiplos despertares ou sensação de sono muito superficial), despertar matinal precoce (geralmente duas horas antes do horário habitual) ou, menos frequentemente, aumento do sono (dorme demais e mesmo assim fica com sono a maior parte do tempo);
  • Dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos, como dores de barriga, má digestão, azia, diarreia, constipação, flatulência, tensão na nuca e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de corpo pesado ou de pressão no peito, entre outros.

Ao notar os sintomas, buscar ajuda de psicólogo e psiquiatra é essencial para a melhoria da doença. “A pessoa não está doente porque quer, e muitas vezes não é fácil lidar tanto com a doença como com pessoas que têm a doença. Coisas que parecem fáceis para a gente, não são fáceis para pessoas já cometidas com depressão. A minha dica é ter paciência, cuidado e afeto, que são coisas que realmente contribuem nesse processo”, orienta Ariel.

Tratamentos para depressão

Quando não tratados, os sintomas podem agravar. “Psiquiatra e psicólogo são os mais indicados, considerado tratamento padrão-ouro na área de saúde mental. Tempo e mudanças são relativos de pessoa para pessoa. Pense em um continuum, uma progressão: de uma leve irritabilidade para uma irritação diária; de uma noite de sono irregular para duas, três noites; de uma desculpa para não sair com os amigos, para um maior isolamento e assim sucessivamente”, destaca a psicóloga.

Anne explica que profissionais da saúde mental não falam em cura, mas em remissão. “O tratamento classificado como padrão ouro é associar psiquiatria e psicoterapia. Medicamento, quando necessário e terapia cognitivo comportamental”, conclui.