O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira, 26, que a autoridade monetária não faz comentários ou projeções sobre a transmissão do câmbio para a inflação. “A depreciação mais recente do câmbio não veio acompanhada de aumento no prêmio de risco. Pelo contrário, o CDS continua em patamar baixo. Houve um ajuste do câmbio que foi um pouco diferente que o ajuste visto no passado”, afirmou.

Segundo Campos Neto, parte importante desse movimento do câmbio foi global. “Houve um movimento de emissores pagando dívidas fora e contraindo dívidas no Brasil, e estamos monitorando esse movimento. Trabalhamos o com câmbio flutuante”, completou.

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana de Carvalho, apontou que o IC-Br de agosto mostrou que parte do efeito da alta do dólar sobre a inflação pode ser compensada pela redução dos preços de algumas commodities. “Estamos observando preços de commodities e do mercado internacional de modo geral”, explicou.

Swaps

O presidente do Banco Central afirmou que o órgão regulador não tem nenhuma meta para a sua posição vendida de swaps cambiais. “Não temos nenhuma intenção de ter zero, US$ 10 bilhões, US$ 50 bilhões ou US$ 100 bilhões em swap. Nosso objetivo é fazer uma intervenção mais limpa possível, que atenda a demanda de forma mais direta possível e que gere o menor custo para o governo”, explicou.

Depois que começou a fazer operações diárias, a posição vendida do BC em swap cambial se reduziu em US$ 13 bilhões, passando de US$ 68 bilhões para US$ 55 bilhões. Campos Neto destacou que não há nenhum “dogma” nem meta para a posição em swap. “Ao contrário, podemos fazer movimento inverso se for necessário”, acrescentou ele.

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Campos Neto disse ainda que a disfuncionalidade no mercado melhorou após operações de venda de dólar à vista, mas que não é possível antecipar movimentos futuros. “É um tema que discutimos no dia a dia. Não dá para antecipar. Se percebemos, vamos atuar. Temos câmbio flutuante e nossa função é atender as disfunções”, concluiu.

Compulsório

O presidente do Banco Central voltou a defender a criação de um sistema de assistência de liquidez entre as instituições financeiras, que possibilitaria a redução dos níveis de compulsório bancário no longo prazo. “Percebemos que o nosso sistema de assistência de liquidez pode ser aprimorado. Temos compulsório muito alto e temos estigma no mercado sobre demandar linhas em reais”, afirmou. “Se pudéssemos precificar corretamente o crédito privado, poderíamos usar as linhas de crédito como colateral em momentos de crise de liquidez”, completou.

Para Campos Neto, se esse instrumento se mostrar eficiente, o BC poderá trabalhar com um nível de depósitos compulsórios bem mais baixo.


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