Deportação de americanos para El Salvador é pauta de encontro entre Trump e Bukele

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O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, no Salão Oval da Casa Branca Foto: Kevin Lamarque/Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 14, que quer deportar alguns cidadãos norte-americanos considerados criminosos violentos para El Salvador, onde seriam encarcerados em um acordo com o governo daquele país.

As observações, feitas a jornalistas na Casa Branca durante a visita de Estado do presidente salvadorenho Nayib Bukele, foram um dos sinais mais claros de que o republicano fala sério sobre a deportação de cidadãos naturalizados e nascidos nos EUA, proposta que alarmou defensores dos direitos civis e considerada inconstitucional por muitos juristas.

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O que pode acontecer agora

Trump disse que só levaria a ideia adiante caso a legalidade seja atestada pelo governo, mas não esclareceu qual o nível do devido processo legal que um americano atravessaria antes de ser deportado.

“Sempre temos que obedecer às leis. Temos criminosos locais que empurram pessoas para dentro de metrôs, que batem na nuca de senhoras idosas com um taco de beisebol quando elas não estão olhando, que são monstros absolutos”, disse.

Eu gostaria de incluí-los no grupo de pessoas para tirá-los do país, mas vocês terão que analisar as leis sobre isso“.

Na última semana, Nayib Bukele afirmou que El Salvador está de portas abertas para receber os deportados. Horas depois, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou que essa proposta estava sendo discutida pelas duas nações.

O governo Trump enviou centenas de migrantes acusados de afiliações criminosas para a mega-prisão de El Salvador conhecida como Centro de Confinamento de Terrorismo, sob autoridades legais frequentemente contestadas. Os EUA estão pagando US$6 milhões ao país pelo serviço.

O deportado de maior destaque, Kilmar Abrego Garcia, de nacionalidade salvadorenha, foi deportado apesar de uma ordem judicial que o protegia da remoção. A Casa Branca descreveu o ocorrido como um “erro administrativo”.

Na semana passada, a Suprema Corte dos EUA confirmou a decisão de um tribunal de primeira instância que determinou que o governo “facilitasse e efetivasse” seu retorno.

Em um processo judicial no domingo, o governo disse que não era obrigado a ajudar Garcia a sair da prisão em El Salvador. Durante a reunião desta segunda, Bukele consentiu e prometeu não devolvê-lo.