Tudo ia bem na vida de Carlos Eduardo Barreto Silva, o Kadu. O ponteiro de 24 anos fazia o que sempre sonhou: jogava na elite do vôlei da Itália havia um ano. Até que o jogador de 1,99m foi pego em exame antidoping por causa de um esteroide anabolizante e precisou ficar 365 dias longe das quadras.

Em março de 2017, quando recebeu a notícia, Kadu perdeu o chão. Seu celular tocou a caminho de um treino do Vibo Valentia, seu clube, mas o paulista não falava muito bem italiano e não entendeu direito o que estava acontecendo. “Eu não estava entendo nada, mas acho que também não estava querendo acreditar”, conta. Ele chegou ao treino aflito, e a notícia foi mais chocante do que ele imaginava. “Eles falaram que eu ficaria quatro anos suspenso, nem sabia se ia continuar no vôlei depois de todo esse tempo”, admite.

Kadu testou positivo para a substância clostebol. Ele alega ter usado uma pomada cicatrizante para espinhas. O atleta teve suspensão de dois anos anunciada, mas a pena foi reduzida para um ano e três meses pelo histórico positivo e pela caracterização de negligência. Cinco meses antes do término da suspensão, seu advogado e seu empresário pediram que voltasse a treinar. Dois meses depois, foi liberado. Durante esse tempo, Kadu aprendeu algumas coisas. A principal delas foi a ter paciência. “É uma lição para a vida, o tempo leva tudo. O doping aconteceu, eu tive que viver isso, não tive escolha”, analisa.

O jogador nascido em Vinhedo, interior de São Paulo, aproveitou o tempo livre para achar outra atividade que o motivasse. “Comecei a treinar na academia, manhã e tarde, todos os dias. Fisicamente eu voltei melhor do que quando parei”, diz.

A força de vontade foi compensada pouco tempo após sua volta às quadras. Kadu chegou à seleção de Renan Dal Zotto para substituir peças importantes, como Lucarelli e Maurício Borges, que estão lesionados. Concorrendo a uma das quatro vagas de titular para sua posição no Mundial, o jovem atleta participou dos três amistosos contra a Holanda, ajudou e viu o time que busca o tricampeonato terminar a campanha preparatória em solo nacional de forma invicta. “Os amistosos mostraram que eu estou ali, mas que falta bastante para conseguir dar meu melhor dentro de quadra”, analisa.

Sua primeira participação com a camisa do Brasil foi em 2012, com a equipe juvenil. Depois, disputou o Sul-Americano e os Jogos Pan-Americanos já com a seleção principal. Agora, vestir a camisa amarela tem um toque de superação especial. Não só por estar entre os titulares, mas também pela geração de ouro com quem divide a quadra. “Todo dia é um aprendizado diferente, são campeões olímpicos”, analisa.

Antes de pensar no sonho dourado de ganhar a Olimpíada, Kadu e seus companheiros vão disputar o Mundial, de 9 a 30 de setembro, na Bulgária e na Itália. A estreia da seleção brasileira é no dia 12, contra o Egito. “Nós nos preparamos muito, vamos em busca do título. É jogo por jogo, mas queremos ser campeões.”