Depois de 26 anos, Caoa e Hyundai colocam fim à parceria no País

Após 26 anos de parceria, Caoa e Hyundai não dividem mais a mesma fábrica de veículos. O fim do casamento (muitas vezes conturbado) entre o grupo brasileiro e a marca sul-coreana ocorre pouco mais de um ano depois do anúncio de mudanças nos termos da aliança. Em fevereiro de 2024, as duas empresas informaram que iriam iniciar uma sinergia inédita. Com isso, a expectativa era de que a fábrica da Caoa em Anápolis (GO) recebesse ferramental e investimentos para produzir novos carros da Hyundai. Porém, isso nunca ocorreu.

O fim da parceria para produção de veículos da Hyundai pela Caoa foi revelado pela Autoesporte, e confirmado pelo Jornal do Carro com pessoas a par do assunto. Porém, nenhuma das duas empresas chancelou oficialmente a informação. Procurada pela reportagem, a Hyundai disse que, “conforme suas políticas globais de governança corporativa e confidencialidade, não comenta estratégias comerciais ou de produção nos mercados em que está presente”

Da mesma forma, a Caoa se esquivou de comentar o tema. Também em comunicado, afirmou que mantém “uma política de sigilo judicial que não nos permite comentar planos de negócios, futuros lançamentos ou tratativas de projetos subsequentes”

A produção do SUV Tucson e do caminhão leve HR em Anápolis foi encerrada em abril – quando começaram as férias coletivas dos operários da fábrica da Caoa. Passados pouco mais de 40 dias, as atividades da planta foram retomadas, mas apenas os carros da Caoa Chery voltaram a ser feitos (os SUVs Tiggo 5X, Tiggo 7 e Tiggo 8). Vale dizer que continua de pé o acordo de distribuição de carros nacionais e importados da Hyundai pela rede de concessionárias da Caoa.

Justiça

Apesar de uma parceria de quase três décadas, a relação entre a Caoa e a Hyundai não foi exatamente um mar de rosas. Em 2018, o grupo brasileiro iniciou uma disputa judicial com a marca sul-coreana. A Hyundai pretendia assumir todas as operações ligadas à empresa no País. Isso incluía a importação de carros, então sob responsabilidade da Caoa. Além disso, a produção do Tucson e do HR em Anápolis era prerrogativa da companhia brasileira.

O julgamento do caso, a cargo de um tribunal de arbitragem na Alemanha, foi concluído em 2021 a favor da Caoa. Porém, embora o contrato de representação tenha sido renovado, o imbróglio criou um impasse entre as duas empresas. Ou seja, a Hyundai não liberava a produção de novos carros no Brasil. Por sua vez, a Caoa impedia a parceira de importar modelos de sucesso em outros mercados, caso do Kona, assim como o Ioniq 5N e o Palisade, por exemplo.

Um novo passo até chegou a ser dado no ano passado: a Hyundai passaria a ser responsável pela importação e distribuição de seus veículos no País. E a Caoa produziria em Goiás novos modelos da Hyundai de maior valor agregado. Na ocasião, o presidente da Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, disse que a rede de concessionárias seria unificada. Já o CEO da Hyundai para as Américas Central e do Sul, Airton Cousseau, que estava junto de Andrade Filho, afirmou que a mudança seria positiva não apenas para as empresas, mas também para o consumidor brasileiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.