BUENOS AIRES, 1 DEZ (ANSA) – Após as homenagens para o argentino Diego Armando Maradona, uma investigação aberta sobre as causas de sua morte está ganhando cada vez mais espaço na Argentina.   

Segundo o jornal “Olé”, os depoimentos de enfermeiras e de pessoas que estavam próximas ao ex-jogador dias antes de sua morte têm revelado situações anormais que não foram levadas em consideração durante o tratamento após a cirurgia em sua cabeça, principalmente uma falta de estrutura na casa onde ele estava se recuperando.   

Rodolfo Baqué, advogado da enfermeira Dahiana Madrid, revelou que Maradona teria caído e batido a cabeça uma semana antes de sofrer a parada cardiorrespiratória.   

“Poucos dias antes de morrer, Maradona caiu e bateu com a cabeça. O golpe não foi maior, mas acertou do lado direito, o oposto da operação. Foi imediatamente atendido. Ninguém chamou a clínica, talvez por decisão de Maradona”, contou Baqué, em seu depoimento, publicado pelo jornal As.   

O advogado explicou ainda que “pelos exames feitos pela enfermeira do plantão noturno, Maradona tinha uma frequência cardíaca de 115 batimentos por minuto. No dia anterior à morte, ele tinha 109 batimentos”. “Todos nós sabemos que um paciente com problemas coronários não pode ultrapassar 80 batimentos por minuto”, afirmou.   

Para o representante legal de Madrid, Maradona poderia estar vivo se estivesse em outra clínica mais luxuosa. O ex-jogador do Napoli se recuperava em uma residência dentro de um condomínio fechado na região de Tigre, a qual precisou de uma série de adaptações para receber o Pibe.   

A casa contaria com quatro quartos e banheiros privados no segundo andar, onde, porém, Maradona não conseguia chegar. Desta forma, ele teria sido acomodado em um quarto infantil, onde teria sido alocado um banheiro químico para o uso do craque.   

Além disso, uma série de recomendações feitas pela psiquiatra de Maradona, doutora Agustina Cosachov, não teriam sido atendidas durante o tratamento.   

Uma investigação sobre a morte do ídolo argentino está em curso.   

Ontem (30), seu médico pessoal, Leopoldo Luque, compareceu no Ministério Público (MP) de San Isidro, na Argentina, para prestar depoimento sobre o caso.   

A casa e o consultório de Luque foram alvos de uma operação de busca e apreensão. Ele é investigado por homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar.   

Nesta terça-feira (1º), a Justiça do país, que apura se o craque foi atendido adequadamente após sua cirurgia na cabeça, tomou posse de mensagens de um grupo de WhatsApp criado pela família do ex-jogador. Estavam presentes os filhos de Maradona, Dalma, Gianinna, Jana e Diego Junior, a psiquiatra Agustina Cosachov e o psicólogo Carlos Díaz.   

A conversa revelada teria acontecido depois de uma reunião pela plataforma Zoom, onde foram analisadas as necessidades de Maradona. Estava planejada a contratação de um novo médico, pois uma das filhas do craque, Dalma, dizia que Luque é neurocirurgião. A psiquiatra prometeu ajudá-la nessa busca.   

Enquanto isso, em um programa de TV argentino, foi divulgado o último áudio de Maradona, no qual ele recomenda ao atual companheiro de sua ex-namorada Veronica Ojeda que cuide de seu filho Diego Fernando, de 7 anos, o último dos reconhecidos.   

(ANSA)