O tema que inspirou “Onde Está Meu Coração” não é novo, mas a forma de abordá-lo, sim. A dependência química é o ponto de partida para essa nova série original da Globoplay, mas são as relações familiares que ditam os rumos da trama criada por George Moura e Sergio Goldenberg — e não a narrativa policial de pobreza e violência que caracteriza tantas produções sobre o assunto. Com estreia marcada para terça-feira 4, traz Letícia Colin no papel de Amanda, uma jovem e bem sucedida médica cuja curiosidade pelas drogas a leva ao fundo do poço.

Há quem acredite que o problema das drogas é individual. Apesar de não ser documental, a série mostra como isso está longe da realidade: ela corrompe o tecido familiar e afeta sem distinção todos os envolvidos. “O dependente não adoece sozinho. As pessoas à sua volta adoecem junto”, afirma o roteirista George Moura. “Todos nós conhecemos alguém ou já ouvimos histórias de dependência, seja de bebidas ou drogas. Era um terreno vasto para construir uma história.” Segundo o co-autor Sergio Goldenberg, a ideia de contar a história por meio de uma protagonista bem de vida tem como objetivo mostrar como esse problema pode afetar todas as classe sociais. “Apesar de comum, as pessoas não falam sobre isso. Parecem ter vergonha, como se fosse uma derrota pessoal”, diz ele.

O elenco conta ainda com o marido de Amanda, Miguel (Daniel de Oliveira), e seus pais, a executiva Sofia (Mariana Lima) e o médico David (Fábio Assunção). Na hora em que o problema fica evidente, pai e mãe divergem sobre o tratamento. A escolha de Assunção para o papel é corajosa e simbólica, uma vez que o ator já teve problemas com drogas fora das telas. As obras de George Moura e Sergio Goldenberg costumam ter um olhar especial para o papel da mulher na sociedade. Foi assim em “O Canto da Sereia” e “Onde Nascem os Fortes”. Agora, em “Onde Está Meu Coração”, a narrativa ganha força graças à parceria com Luísa Lima — essa é sua estreia como diretora artística na Globo.