O vice-procurador-geral dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (22) que se reunirá com Ghislaine Maxwell, condenada por tráfico sexual de menores como cúmplice de Jeffrey Epstein, em busca de informações para aliviar a pressão sobre o presidente Donald Trump, acusado de falta de transparência em reação ao caso.
O governo tenta responder à indignação de parte dos conservadores que o criticam há duas semanas. Eles consideram que o governo tenta encobrir as elites ao se recusar a revelar os detalhes do caso Epstein, acusado de crimes sexuais e encontrado morto em sua cela em 2019 antes do julgamento.
O presidente republicano voltou a se queixar nesta terça-feira da polêmica, dizendo que é uma “continuação da caça às bruxas” da qual afirma ser vítima, após ter sido condenado no ano passado por pagamentos secretos a uma ex-atriz pornô e ter sido processado criminalmente em outros três casos.
“O presidente [Donald] Trump nos disse para divulgar todas as provas críveis”, afirmou o vice-procurador-geral Todd Blanche na rede social X.
Segundo ele, o FBI, a polícia federal dos EUA, revisou as provas contra Epstein e não encontrou nada “que pudesse justificar uma investigação contra terceiros não acusados”.
Mas se Ghislaine Maxwell “tiver informações sobre alguém que tenha cometido crimes contra as vítimas, o FBI e o DOJ ouvirão o que ela tiver a dizer”, garantiu Blanche, usando a sigla em inglês para o Departamento de Justiça.
Blanche disse estar em contato com os advogados de Maxwell e espera se reunir com ela “nos próximos dias”.
David Oscar Markus, advogado de Maxwell, confirmou na rede X que mantém conversas com o governo.
“Estamos agradecidos ao presidente Trump por seu compromisso com a descoberta da verdade neste caso”, declarou Markus.
Ghislaine Maxwell foi condenada em 2022 a 20 anos de prisão por tráfico sexual, acusada de ter recrutado menores de idade para serem exploradas sexualmente entre 1994 e 2004.
O caso de Jeffrey Epstein ganhou um contorno político no dia 7 de julho. Naquela data, o governo americano afirmou que não existem provas da existência de uma lista secreta de clientes do amigo das celebridades e dos poderosos.
Isso provocou uma enxurrada de mensagens furiosas nas redes sociais de contas do movimento trumpista “Make America Great Again” (“Faça a América Grande de Novo”), mais conhecido pela sigla em inglês MAGA.
Em 14 de julho, o Departamento de Justiça se opôs ao recurso de Maxwell na Suprema Corte para anular as acusações que levaram à sua condenação.
Visivelmente irritado com sua incapacidade de conter os protestos dentro do próprio partido, Trump acusou na semana passada “alguns poucos republicanos estúpidos e idiotas” de estarem colaborando com seus oponentes democratas.
Ele também processou o jornal The Wall Street Journal por difamação, após a publicação de um artigo que lhe atribuía uma carta lasciva enviada a Epstein por ocasião de seu aniversário.
Trump conhecia Epstein, membro da alta sociedade nova-iorquina como ele, mas não há provas de que estivesse envolvido em crimes relacionados ao financista.
O caso Epstein também ameaça descarrilar o funcionamento do Congresso.
A Câmara dos Representantes ficou paralisada esta semana devido à tentativa de um congressista republicano, com apoio dos democratas, de forçar a votação de uma resolução exigindo a publicação de documentos judiciais sobre o financista em desgraça.
O líder republicano da Câmara, Mike Johnson, classificou a iniciativa como “manobras políticas” e tenta impedir a votação. Nesta terça-feira, ele declarou em entrevista coletiva que uma divulgação ampla colocaria em risco as vítimas dos crimes atribuídos a Epstein.
Diante da paralisia, os líderes republicanos decidiram enviar os congressistas para um recesso durante todo o mês de agosto, a partir de quarta-feira, um dia antes do previsto.
Antes disso, um comitê da Câmara dos Representantes aprovou a moção de um congressista republicano para ouvir Maxwell, mas sem especificar onde nem quando.
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