Departamento de Justiça dos EUA publica transcrições de entrevista de Maxwell

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou nesta sexta-feira (22) as transcrições e gravações de áudio de uma entrevista com Ghislaine Maxwell, condenada como cúmplice do falecido Jeffrey Epstein, acusado de crimes sexuais.

O governo do presidente Donald Trump é acusado de falta de transparência no caso do financista, encontrado morto em uma prisão de Nova York em 2019 antes de seu julgamento por suposto tráfico sexual de menores.

O vice-procurador-geral dos Estados Unidos, Todd Blanche, que conduziu a entrevista com Maxwell, de 63 anos, no mês passado, afirmou que as transcrições e gravações de áudio foram divulgadas “em prol da transparência”.

“Exceto os nomes das vítimas, cada palavra está incluída. Nada foi omitido. Nada foi escondido”, declarou Blanche, ex-advogado pessoal de Trump, no X.

Maxwell cumpre desde 2021 uma pena de 20 anos por recrutar menores de idade para Epstein. Ela foi transferida de uma prisão na Flórida para um centro de segurança mínima no Texas após a entrevista com Blanche.

– Sobre Trump –

Na entrevista, Maxwell disse que Trump e Epstein eram “amistosos como as pessoas geralmente são em ambientes sociais”.

“Não acredito que fossem amigos próximos”, afirmou a ex-celebridade britânica.

“Na verdade, nunca vi o presidente em qualquer tipo de sessão de massagens”, disse Maxwell. “Nunca vi o presidente envolvido em qualquer tipo de situação inadequada de forma alguma. O presidente nunca foi impróprio com ninguém”.

Maxwell acrescentou que Trump “foi um cavalheiro em todos os sentidos” durante todo o tempo que passaram juntos no início da década de 1990.

“Trump sempre foi muito cordial e, para mim, muito gentil”, disse. “Admiro seu extraordinário feito de alcançar a presidência”.

Maxwell também questionou se Epstein realmente se suicidou na prisão. “Eu não acredito que ele tenha morrido por suicídio”, disse.

Segundo ela, Epstein não possuía nenhuma “lista de clientes” e afirmou que não tinha conhecimento de qualquer tipo de suborno a pessoas importantes. “Nunca vi isso e nunca imaginei isso”, afirmou.

O advogado de Maxwell, David Markus, destacou que a cliente respondeu a todas as perguntas da entrevista, que ocorreu ao longo de dois dias.

“Ghislaine Maxwell é inocente e nunca deveria ter sido processada, muito menos condenada”, escreveu Markus no X. “Ela nunca cometeu ou participou de abusos sexuais contra menores ou contra qualquer outra pessoa”.

– Milhares de documentos –

Nesta sexta-feira, James Comer, um influente congressista republicano, anunciou que o Departamento de Justiça forneceu “milhares de páginas de documentos relacionados a Epstein” a um comitê da Câmara dos Representantes que solicitou o material.

O congressista não revelou o conteúdo dos documentos.

A morte de Epstein tem alimentado inúmeras teorias de conspiração, segundo as quais ele foi assassinado para evitar revelações constrangedoras sobre figuras de alto perfil.

Segundo o jornal The Wall Street Journal, o nome do presidente figurava entre as centenas de documentos encontrados durante uma revisão do Departamento de Justiça nos arquivos de Epstein, embora evidências de irregularidades não tenham sido encontradas.

Em julho, o FBI e o Departamento de Justiça declararam que Epstein se suicidou, que não chantageou figuras proeminentes e que não mantinha uma “lista de clientes”.

Trump tenta atenuar a controvérsia em torno do tema, que gera indignação no país e especialmente em sua base eleitoral.

Seguidores fiéis do presidente têm acompanhado o caso há anos e alegam que elites do “Estado Profundo” protegeram conhecidos de Epstein no partido Democrata e em Hollywood.

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