O Departamento de Justiça dos Estados Unidos pagará US$ 100 milhões (R$ 525 milhões) para encerrar os processos contra o FBI por má condução da investigação sobre os abusos sexuais cometidos pelo ex-médico da seleção americana de ginástica Larry Nassar, informou nesta quinta-feira (18) o Wall Street Journal.

O jornal relatou que o acordo envolve 100 vítimas de Nassar, que foi condenado no final de 2017 e início de 2018 por agressão sexual contra centenas de atletas. Atualmente, ele cumpre pena de até 175 anos de prisão.

As medalhistas de ouro olímpicas Simone Biles, Aly Raisman e McKayla Maroney e outras ginastas americanas apresentaram uma ação no valor de US$ 1 bilhão (R$ 5,25 bilhões) contra o FBI em junho de 2022 por não ter agido adequadamente ao receber as informações de abuso sexual por parte de Nassar.

O Journal indicou que o acordo foi alcançado há vários meses e foi aceito em princípio pelas vítimas de Nassar, mas ainda não foi finalizado.

Citando um relatório do inspetor-geral do Departamento de Justiça, o jornal disse que houve diversas falhas na condução por parte do FBI das denúncias contra Nassar apresentadas pela USA Gymnastics, a federação de ginástica dos EUA, ao escritório local do FBI em Indianápolis, em julho de 2015.

A inação diante das denúncias permitiu que Nassar continuasse agredindo sexualmente a dezenas de vítimas antes de sua prisão, em 2016.

Nassar trabalhou como médico esportivo na USA Gymnastics e na Universidade Estadual de Michigan por mais de duas décadas.

O diretor do FBI, Christopher Wray, admitiu as falhas do órgão durante um depoimento perante um comitê do Senado em setembro de 2021, dizendo que eram “imperdoáveis”.

Dirigindo-se às vítimas de Nassar, Wray disse: “Lamento especialmente que houve pessoas no FBI que tiveram a oportunidade de deter este monstro em 2015 e fracassaram”.

As vítimas de Nassar chegaram a um acordo de US$ 380 milhões (R$ 1,99 bilhão) com a USA Gymnastics em 2021, um dos maiores já registrados para vítimas de abuso sexual.

A USA Gymnastics declarou falência em 2018 após uma enxurrada de acusações e processos contra Nassar inundar a organização.

A Universidade Estadual de Michigan chegou a um acordo no valor de US$ 500 milhões (R$ 2,62 bilhões) com centenas de vítimas de Nassar em 2018.

Nassar foi esfaqueado por outro detento em julho do ano passado em uma prisão do estado da Flórida, onde cumpre a sentença. Ele se recuperou dos ferimentos.