Depois da derrota do São Paulo no clássico para o Palmeiras, o goleiro Denis sofreu pesadas críticas dos próprios torcedores do clube e ouviu centenas de xingamentos. Ele falhou, assumiu o erro, mas procurou manter a cabeça no lugar para ajudar o time a se classificar na Copa do Brasil. Com duas ótimas defesas, mostrou segurança no empate por 1 a 1 com o ABC, que garantiu a passagem da equipe à quarta fase, e saiu de campo com a sensação de dever cumprido.

O técnico Rogério Ceni já havia decidido que na partida seguinte, neste sábado, pelo Campeonato Paulista, contra o Ituano, Renan Ribeiro seria o titular. Denis volta para a reserva e sabe que Sidão ainda é o preferido, apesar de ter chegado e não ter encantado logo de cara.

Com a pressão sobre seus ombros, Denis tenta lidar com as adversidades se apoiando nos amigos e familiares. A cada crítica mais pesada, ele trabalha mais duro, pois quer provar que tem condições de ser o principal goleiro do clube no qual chegou em 2009.

Nesta entrevista exclusiva, realizada no desembarque do São Paulo no Aeroporto de Congonhas, entre pedidos de fotos dos fãs, ele falou como tem absorvido as reclamações da torcida e o que pretende fazer para mostrar seu valor. Denis jura que nunca pensou em desistir e procurar outro caminho.

Você desabafou após a classificação diante do ABC por causa dos xingamentos que sofreu da própria torcida. Como lidar com um momento como esse?

Eu fico tranquilo. Já estou acostumado e tenho de continuar a trabalhar. A palavra certa é trabalhar sempre, agradecer sempre às pessoas que me ajudam, à minha família, que me apoia nesses momentos, e aos amigos. As poucas pessoas que estão do nosso lado para apoiar temos de valorizar sempre. Eu mantenho isso com a cabeça tranquila e a maior naturalidade. No futebol é assim mesmo, em menos de uma semana você é criticado, depois é exaltado. Não se pode perder o foco e tem de continuar trabalhando para melhorar cada dia mais e tentar ter uma regularidade maior.

Em algum momento você já pensou em desistir e tentar procurar novos ares?

De jeito nenhum. Algumas pessoas pensam isso, mas são pessoas que não me conhecem. De maneira alguma pensei em desistir, em nenhum momento. As críticas só servem para eu trabalhar ainda mais e procurar melhorar. É isso que estou fazendo. As pessoas que me acompanham no dia a dia sabem o quanto estou treinando e sou dedicado. Isso me ajuda muito.

O Rogério Ceni, após a partida contra o ABC, te elogiou e demonstrou apoio. Como tem sido essa convivência com ele, agora em outra função?

A convivência é muito boa. O Rogério está sendo um excelente treinador, ele consegue conversar com todos os jogadores, para que todos se sintam à vontade para falar com ele. Acho que isso é o mais importante. Fico feliz de ter o apoio dele, de ter a confiança dele, e tenho de agradecer muito a ele também por ter me dado mais uma oportunidade de ter entrado em campo para ajudar a equipe.

Você nunca se esquiva das entrevistas, mesmo após derrotas e falhas. De onde vem essa postura de encarar tudo de frente, sem fugir da responsabilidade?

A vida me mostrou isso. Saí de casa com 13 anos para tentar ser um jogador de futebol. Hoje atuo em um clube grande e não tenho medo de responder qualquer pergunta. Sou do interior, tive uma educação muito boa do meu pai e da minha mãe, agradeço bastante a eles por isso. Sou de família humilde, tenho essa humildade até hoje, do mesmo jeito, sempre com os pés no chão, nem quando estou lá em baixo, nem quando faço um excelente jogo. Para mim é a mesma coisa. Eu tenho de trabalhar sempre mais e melhorar até o fim da minha carreira. Esse é meu pensamento. Por isso que não fujo de nenhuma pergunta. A nossa vida de jogador é assim, você tem de sempre responder com a maior naturalidade e humildade.

Agora o Rogério vai dar chance para o Renan Ribeiro na próxima partida. Como é essa concorrência pelo posto de goleiro titular?

O Renan vem treinando forte e está muito bem. O Rogério é direto e transparente com todos atletas. Ele quer que a gente se sinta bem, acho importante esse rodízio no gol e só depende da escolha do Rogério sobre quem vai jogar.