Abraços e beijos, estranhos e intermináveis apertos de mãos, gestos afetuosos: os encontros entre Emmanuel Macron e Donald Trump, na terça-feira, na Casa Branca, foram o tema abordado pelos comediantes de programas noturnos da televisão americana.

Embora o entendimento entre os presidentes francês e americano já tenha provocado grande interesse, é a sua interação física que surpreende esta semana, seu “touchy-feely relationship” (“relacionamento afetuoso”, em tradução livre), segundo a expressão usada por Ashley Parker, jornalista do Washington Post.

O Daily Show, do canal Comedy Central, animado pelo sul-africano Trevor Noah, resumiu esta “visita de Estado” em um curto vídeo em preto e branco intitulado “O assunto das mãos”, acompanhado por uma música romântica, incluindo todos os contatos entre os dois presidentes.

A principal fonte de inspiração são as muitas aventuras extraconjugais atribuídas ao 45º presidente americano.

“Alguma vez você o viu tocar alguém assim? Fez a versão Stormy Daniels”, lançou Jimmy Kimmel na ABC, evocando a atriz pornô que afirma ter tido uma relação sexual com o magnata imobiliário e recebido um pagamento do advogado pessoal do presidente, Michael Cohen, para que mantivesse silêncio pouco antes da eleição presidencial.

“Quando o presidente Emmanuel Macron saudou o presidente Trump, ele o beijou nas duas bochechas. Por reflexo, Michael Cohen apareceu imediatamente e deu 130 mil dólares a Macron”, acrescentou no mesmo tom Conan O’Brien, na TBS.

O gesto de Trump, diante das câmeras, espanar a caspa dos ombros de seu convidado francês no Salão Oval também deu muito o que falar, provocando inúmeras interpretações sobre seu significado.

“Como reagir (com Trump) quando se é humilhado publicamente?”, questionou Noah, sorrindo. “Se eu fosse Macron, teria respondido”, assinalou, acrescentando que se impressionou com a calma do presidente francês, que se “controlou perfeitamente”.

“O presidente Macron continuou lá, sorrindo, depois de ter passado dois dias com você (…) Isso não era caspa, era cocaína”, lançou Stephen Colbert, na CBS.

“Sei que é clichê, mas isso é um ‘bromance’!”, concluiu Trevor Noah sobre a relação dos dois, recorrendo ao neologismo surgido da junção das palavras “brother” (irmão) e “romance”.

Os dois líderes não têm prevista uma reunião nesta quarta-feira, no terceiro dia da visita do presidente francês, mas Trump prometeu acompanhar pela televisão o discurso de seu amigo Emmanuel ante o Congresso. “Será EXCELENTE!”, declarou, sem nenhuma ponta de dúvida.