Líderes do Partido Democrata pediram nesta terça-feira (9) a renúncia do secretário de Trabalho do governo de Donald Trump, depois que se soube que ele participou de um acordo secreto há uma década com um financista multimilionário acusado de abuso sexual de adolescentes.

O secretário da pasta do Trabalho, Alexander Acosta, de 50 anos, era procurador federal na Flórida quando selou o controverso acordo com Jeffrey Epstein.

Epstein, de 66 anos, foi acusado nesta segunda-feira pela procuradoria do distrito sul de Nova York de tráfico sexual de menores e de uma acusação de conspiração para exercer tráfico sexual de menores durante pelo menos quatro anos, entre 2002 e 2005.

O financista, que tem contatos de alto escalão, entre os quais o próprio Trump, Bill Clinton e o príncipe Andrew, filho da rainha Elizabeth II da Inglaterra, já havia sido declarado culpado por crimes similares há 10 anos na Flórida, mas conseguiu escapar de ser acusado criminalmente por meio de um acordo com o escritório que Acosta integrava.

As duas maiores lideranças democratas no Congresso, Nancy Pelosi, presidente da Câmara de Representantes, e Chuck Schumer, líder da minoria no Senado, pediram a renúncia de Acosta.

“Como procurador dos Estados Unidos, se comprometeu em um acordo inconcebível com Jeffrey Epstein, que se manteve secreto para as valentes e jovens vítimas, impedindo-as de buscar justiça”, disse Pelosi no Twitter.

“Isso ele sabia (o presidente Trump) quando o nomeou membro do gabinete. #AcostaResign”, acrescentou.

“Epstein deveria ter estar atrás das grades há anos, mas infelizmente o secretário de Trabalho, Alex Acosta, deu a Epstein um acordo amoroso”, disse Schumer.

Trump disse à imprensa nesta terça-feira que Acosta foi um “excelente secretário de trabalho”. “Temos que olhar o resto”, acrescentou o mandatário. “Temos que olhar para isso com muito cuidado. Mas falam há muito tempo”, disse.

O presidente definiu Epstein como um “cara magnífico” em 2002, mas nesta terça-feira relativizou. “Tive uma briga com ele há muito tempo”, disse, sem dar mais detalhes. “Não acredito ter falado com ele em 15 anos”. “Eu não era um fã dele, isso eu posso dizer”, assegurou.

Acosta saudou nesta terça-feira a nova acusação a Epstein. “Com as provas disponíveis há mais de uma década, os procuradores federais insistiram em que Epstein fosse preso, fichado como delinquente sexual e que o mundo soubesse que ele era um predador sexual”, escreveu Acosta.

“Agora que há novas provas disponíveis um testemunho adicional, a procuradoria de Nova York oferece uma oportunidade importante para levá-lo à justiça de maneira mais completa”, tuitou.

O acordo de culpabilidade se manteve em sigilo para as vítimas de Epstein até sua sentença. O pacto obrigou o multimilionário declarar-se culpado de uma acusação estatal por solicitar prostituição a uma menor e cumpriu 13 meses em um presídio do ondado.

Epstein se declarou inocente na segunda-feira das acusações de Nova York pelas quais pode enfrentar até 45 anos de prisão. Uma audiência de fiança foi fixada para essa quinta-feira.

Segundo os procuradores, Epstein explorou sexualmente dezenas de meninas menores de idade, algumas de 14 anos, em suas propriedades de Manhattan e Palm Beach, Florida, entre 2002 e 2005.