Nada indica que em curto prazo a extrema direita deva desaparecer do cenário brasileiro. Ela veio para ficar. A primeira questão que se coloca é sobre a sua presença como protagonista política.  Ou seja, se terá presença significativa nos legislativos e executivos do País. A dificuldade de organização partidária e de coesão na ação política cotidiana, além da falta de um programa relativamente orgânico, retira parte da força da extrema direita. Faltam lideranças com consistência nos estados e no Congresso Nacional é possível que parte daqueles eleitos sob o guarda-chuva do bolsonarismo acabe migrando para o apoio do governo ou agindo com relativa independência que se traduzirá em negociação, voto a voto, sempre em troca de alguma vantagem. Ou seja, a oposição sistemática deverá ficar restrita a uma pequena parcela dos parlamentares. A tendência é que este quadro se repita nos estados, ao menos até às eleições municipais de 2024.

Uma variável que não se sabe, até o momento, é a extensão e profundidade dos inquéritos que tratam das ações terroristas principalmente no Distrito Federal. Além das investigações sobre as fake news e o ataque às instituições que se intensificou a partir de 2020. A firme condução do ministro Alexandre de Moraes tem permitido que o Estado democrático de Direito resista, associado à ação da sociedade civil. O ministro tem agido com determinação e conseguiu fazer com que as eleições decorressem em clima tranquilo, ao contrário do que se acreditava no início de 2022.

A firme condução do ministro Alexandre de Moraes tem permitido que o Estado de Direito, associado à ação da sociedade civil, possa resistir

Contudo, o 8 de janeiro de 2023, o nosso dia da infâmia, deu a real dimensão do extremismo nacional. Ninguém imaginava as ações de vandalismo na Praça dos Três Poderes. Muitos supunham que os acampamentos de golpistas espalhados pelo Brasil – e vistos muitas vezes com espírito de galhofa – iriam desaparecer no decorrer do novo governo e que tudo voltaria à normalidade. Em outras palavras, não foi devidamente quantificada a presença da extrema direita e de suas atividades antidemocráticas no cenário político.

E mais, como impregnou a estrutura de Estado no último quadriênio presidencial. É uma tarefa urgente enfrentar o extremismo com todos os instrumentos legais dispostos na legislação brasileira. É um desafio diário e que necessita, ao mesmo tempo, do cultivo da democracia e de sua proteção. É uma relação dialética, principalmente quando os extremistas usam da Constituição cidadã de 1988 para impor a ditadura, à semelhança dos nazistas e a Constituição de Weimar de 1919.