CHILE
A democracia morreu aos 27 anos

Michelle Bachelet e Sebastián Piñera: pelas fisionomias fica fácil saber que foi a direita que triunfou (Crédito:CLAUDIO REYES)

Há uma certeza e uma incógnita no retorno do candidato de centro-direita, Sebastián Piñera, à Presidência do Chile. Ele já governou o país entre 2010 e 2014, e agora, a partir de março de 2018, sucederá Michelle Bachelet no Palácio de La Moneda. Sebástian Piñera teve cerca de 60% dos votos, no domingo 17, deixando para trás seu rival ideológico Alejandro Guillier, um dos expoentes da esquerda chilena. A certeza que se tem com a sua vitória é a de que o triunfo se deve, sobretudo, ao enfraquecimento paulatino da aliança entre socialistas e democratas cristãos, a famosa “concertação”. É o fracasso da democracia no Chile que leva novamente a direita ao poder, e isso se dá apenas 27 anos depois de o país ter saído de uma das mais tenebrosas ditaduras que já se instauraram na Améria Latina, a de Augusto Pinochet. A redemocratização aconteceu com base na união de socialistas e democratas, até porque, separados, não tinham força política. A agonia da Democracia Cristã foi a má gestão econômica de Bachelet, a corrupção de políticos, o não fortalecimento das instituições; a morte ocorreu quando o partido decidiu ter candidata independente nessa eleição presidencial (perdeu de goleada no primeiro turno com 5,9% dos votos). A incógnita é se Piñera governará com sua tradicional intolerância a tudo que não seja conservadorismo ou cumprirá algumas promessas liberais de campanha, como a ampliação da rede pública de ensino. Outro detalhe importante: bateu na casa dos 50% a abstenção nas urnas devido à desilusão dos eleitores com os políticos. O Chile é hoje uma nação dividida, meio a meio, entre os que votaram em Piñera e aqueles que sequer saíram de casa para votar. Como essa expressiva parte da população se portará em relação ao novo governo?

LAVA JATO
Os próximos sete anos e meio de Marcelo Odebrecht

MIGUEL SCHINCARIOL

Após dois anos e meio de prisão em regime fechado, o empresário Marcelo Odebrecht deixou ontem a carceragem da Polícia Federal (foto), em Curitiba, e iniciou nova etapa de execução penal. Condenado a 31 anos de reclusão por corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro, teve a pena abrandada por colaborar com a Justiça. Ficará dois anos e meio em prisão domiciliar, em São Paulo (com duas saídas). O regime evoluirá para semiaberto (dois anos e meio): poderá sair durante o dia (menos fim de semana e feriado) e ficará em casa à noite. A última etapa (mais 30 meses): pode sair de dia e à noite (menos fim de semana e feriado). Marcelo está com tornozeleira.

MEIO AMBIENTE
MPF cuida da Amazônia

Antônio Gaudério

Diante do desmatamento sistemático da Amazônia, o Ministério Público Federal anunciou que estão sendo movidas cerca de 800 ações civis públicas relativas à essa questão. São 725 réus, e os valores a serem pagos como multa ambiental somam R$ 2,8 bilhões. Estima-se que haja na região 1.262 áreas de devastação – cada uma tem mais de 60 hectares de extensão.

MINISTÉRIO PÚBLICO
Fim do indulto para corruptos

Tem razão o procurador da República Deltan Dallagnol. Ele voltou a insistir que precisa ter fim a regalia de indulto de fim de ano a condenados pelo crime de corrupção que já tiverem cumprido dois anos da pena que lhes foi dada. Corruptos lesam o País em áreas como as da saúde e educação, por exemplo. São predadores sociais. Há presidiários que furtaram o dinheiro da cachaça, estão morrendo e não são indultados. Estima-se que 20 mil presas preencham requisitos de indulto (mãe ou avó de criança menor de 12 anos, e que tenham cometido crimes leves). Só 470 conseguiram o benefício. Motivo: 19.530 não têm advogados que cuidem de seus interesses.

IMIGRAÇÃO
Cresce a deportação de brasileiros

A Europa aperta o cerco a imigrantes ilegais. Brasileiros que vivem lá clandestinamente entraram no rol das nacionalidades mais deportadas por ordem judicial. Dados da Agência de Fronteiras: 3,1 mil brasileiros tiveram de sair da Europa esse ano. Isso significa aumento de 40% em relação a 2016.